O que Itaú espera de 19 empresas do varejo no 1T23
O Itaú BBA soltou um relatório especial sobre 19 empresas do universo do varejo brasileiro, com expectativas para os números do primeiro trimestre do ano.
Em suma, com o cenário se deteriorando, a corretora antecipa para varejistas do setor alimentício uma desaceleração sequencial do crescimento do top line (primeira linha do balanço), além de certa pressão na rentabilidade por conta dos planos de expansão.
No universo do varejo de moda, as estimativas têm tom misto: mais uma vez, os players com exposição ao segmento de alta renda, como Arezzo (ARZZ3) e Grupo Soma (SOMA3), devem apresentar uma performance de vendas consistente, mas com alguma pressão na rentabilidade.
Já as empresas mais expostas às classes de menor poder aquisitivo, como Guararapes (GUAR3), mostrarão números mais fracos, avalia o BBA.
No e-commerce, analistas estimam uma performance boa de vendas do Mercado Livre e do Magazine Luiza (MGLU3), dado o afrouxamento do ambiente competitivo. O Mercado Livre deve ser novamente o destaque positivo, acelerando os ganhos de market share (participação de mercado), tanto na divisão 1P quanto 3P, e alavancando a monetização de sua plataforma com os negócios de publicidade e crédito.
Entre as redes de farmácias, a Raia Drogasil (RADL3) deve postar resultados de alta qualidade, com um SSS (Vendas Mesmas Lojas) consistente de 15% e ganhos de rentabilidade por conta da diluição das despesas com vendas, gerais e administrativas.
Outra aposta é a Smart Fit (SMFT3), que deve ser um dos destaques do setor na temporada, avalia o BBA. Os volumes devem apresentar uma sólida retomada. A companhia também deve registrar ganhos robustos de rentabilidade, beneficiada por tendências positivas para a alavancagem operacional.
Saiba o que esperar dos resultados de 19 empresas do varejo:
Arezzo: O top line deve apresentar crescimento consistente de 19% ano a ano, impulsionado pela performance das principais marcas. A margem bruta deve ser impactada pelo fim do benefício fiscal Difal-ICMS e uma participação maior das vendas gerais, mas um controle melhor de despesas pode mitigar os efeitos sobre a margem Ebitda.
Assaí: O SSS deve mostrar queda sequencial de 7%, o que, somado à maturação de lojas, deve levar a um crescimento de 33% do top line no comparativo anual. A margem bruta deve ficar estável, enquanto a aceleração da abertura das lojas convertidas no quarto trimestre do ano passado pressionará a margem Ebitda.
Carrefour Brasil: A rentabilidade deve vir pressionada por conta do momentum operacional do Big. Em geral, a varejista deve sustentar tendências similares ao que foi divulgado no balanço passado. O resultado líquido deve sentir o impacto de um resultado financeiro líquido maior.
Grupo Mateus: Os resultados serão destaque dentro do segmento de varejo alimentício em termos de dinâmica de vendas. O lucro deve subir 5% ano a ano.
Grupo SBF: A performance da Fisia deve mais do que mitigar a fraqueza dos números da Centauro, culminando em um crescimento anual de 7% do top line. O BBA antecipa alguma desalavancagem operacional em função de vendas mais fracas da Centauro. Além disso, a margem Ebitda deve cair a 12%.
Grupo Soma: As vendas devem vir consistentes, inclusive para Hering. A rentabilidade deve se expandir, impulsionada pelos ganhos de margem bruta da Hering, impactando positivamente a dinâmica da margem Ebitda, que deve avançar 120 pontos-base ano/ano.
Guararapes: A companhia deve reportar prejuízo líquido de R$ 119 milhões. A margem Ebitda deve se expandir devido a uma base de comparação mais fraca e aos esforços de ganhos de eficiência.
Lojas Quero-Quero: O SSS deve cair 3,8% com cenário de demanda fraco. A rentabilidade será o destaque negativo do trimestre em razão de margens brutas ainda pressionadas, principalmente na divisão de serviços financeiros, combinadas com ventos contrários de desalavancagem operacional por conta de um top line fraco.
Lojas Renner: SSS esperado é estável para a divisão de varejo. A rentabilidade deve vir pressionada. Para Realize, os resultados devem vir fracos por conta de uma qualidade de crédito ruim e um nível elevado de provisões. Com isso, o Ebitda deve ficar negativo em R$ 37 milhões.
Magazine Luiza: Mais um trimestre de prejuízo (R$ 183 milhões). O fim do Difal deve impactar a dinâmica de rentabilidade. Por outro lado, os esforços da companhia de reconhecer ganhos de eficiência devem mitigar o impacto no Ebitda. A margem deve ficar estável em 5,1%.
Mercado Livre: A divisão de e-commerce deve se sobressair novamente, com um crescimento de 21% no comparativo anual do GMV (volume bruto de mercadorias). A divisão de fintech provavelmente sustentará os mesmos patamares do quarto trimestre de 2022.
Natura: A Natura América Latina deve ter expansão de margem Ebitda, principalmente em função da melhora da performance operacional no Brasil. A The Body Shop sustentará os ganhos de eficiência vistos no quarto trimestre de 2022, enquanto a Avon Internacional deve mostrar ganhos de rentabilidade pelos esforços de melhora de eficiência e focos em mercados mais rentáveis. A Aesop deve reportar mais uma vez uma performance consistente.
Pague Menos: Os resultados devem ser impactados por uma base de comparação difícil e um momentum operacional ainda difícil para a Extrafarma. A margem Ebitda consolidada projetada é de 2,4%, queda de 150 pontos-base ano a ano. O prejuízo líquido esperado é de R$ 38 milhões.
Panvel: Números fortes para o top line, apesar da base de comparação difícil. A margem Ebtida deve subir 40 pontos-base. Já o lucro deve atingir R$ 22 milhões, queda anual de 12%, impactado por despesas financeiras mais pesadas.
Petz: O SSS deve melhorar para 8%. Com a maturação das lojas, reabertura de unidades e incorporação da Petix, o top line deve saltar 25%. As margens devem vir pressionadas por uma penetração maior do digital.
Raia Drogasil: O SSS deve subir 15%, enquanto o top line apresentará crescimento de 20%. A margem bruta deve ficar estável, enquanto a margem Ebitda mostrará ganhos de 90 pontos-base, a 6,4%. O lucro subirá 36%, a R$ 197 milhões.
Smart Fit: O primeiro trimestre será forte, com melhora sequencial nas vendas e ganhos de rentabilidade com diluição de custos e despesas. A margem Ebitda deve se expandir em 300 pontos-base no comparativo trimestral, enquanto o lucro atingirá R$ 88 milhões.
Track & Field: O top line deve crescer 24%. A expectativa para a margem Ebitda é de 23,9%. O lucro líquido subirá 10%, alcançando R$ 23 milhões.
Vivara: A companhia reportará mais uma leva de resultados fortes, com um bom crescimento de top line, com SSS de 9% e abertura de lojas. Uma participação maior dos produtos Life nas vendas deve sustentar uma expansão de margem bruta de 110 pontos-base, embora não seja o suficiente para mitigar despesas com vendas, gerais e administrativas mais pesadas. O resultado líquido deve totalizar R$ 49 milhões.