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O que fazer com as ações de Minerva (BEEF3) e Marfrig (MRFG3) com aprovação do Cade para acordo?

12 ago 2024, 15:05 - atualizado em 12 ago 2024, 17:35
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Para o BTG, o sinal verde da superintendência do Cade marca um avanço significativo no prolongado processo em torno deste negócio (Imagem: Facebook/Marfrig Global Foods)

Na última sexta-feira (9), Minerva (BEEF3) e Marfrig (MRFG3) informaram que a Superintendência Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) divulgou parecer final recomendando ao Tribunal Administrativo de Defesa Econômica a aprovação do acordo entre as companhias, mediante a celebração de acordo em controle de concentrações (ACC). Em agosto de 2023, Minerva e Marfrig acertaram contrato de R$ 7,5 bilhões envolvendo a alienação de 16 plantas e um centro de distribuição.

Para os analistas da Genial Investimentos, as incertezas sobre a aquisição já estevam refletidas no preço das ações da Minerva. Agora, a tendência é de um foco maior no desempenho operacional favorável projetado para o ano, que pode alavancar novamente o papel. A casa recomenda compra para Minerva (preço-alvo de R$ 9) e neutro para Marfrig (preço-alvo de R$ 10).

Na avaliação do BTG Pactual, o sinal verde da superintendência do Cade marca um avanço significativo no prolongado processo em torno deste negócio – uma saga que se estendeu além das expectativas iniciais, com as primeiras estimativas para sua conclusão datando do ano passado e as expectativas para o 4T24.

“A aprovação deverá esclarecer as perspectivas financeiras da Minerva, ao mesmo tempo que injetará na Marfrig o tão necessário caixa para uma operação com valuation atrativo. Neste ponto, diríamos que o mercado celebrará essa decisão (mais cedo que o esperado) do Cade tanto para Marfrig quanto para Minerva”, apontam Guilherme Guttilla, Bruno Lima e Thiago Duarte.

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Ganhos para Minerva e Marfrig com acordo

Apesar de acreditarem que o acordo foi fechado com um múltiplo elevado, tornando a criação de valor para a Minerva um desafio, na melhor das hipóteses, neste momento os analistas do BTG veem o resultado como amplamente precificado. “A recomendação da superintendência do Cade removeu um obstáculo significativo. No entanto, a nossa tese geral permanece inalterada: este cenário é binário e os riscos associados podem ou não justificar os potenciais retornos”, completam.

Do ponto de vista da Marfrig, a notícia é positiva. A elevada alavancagem da empresa tem sido uma preocupação fundamental, e este acordo proporciona um forte alívio, uma vez que os ativos foram supostamente vendidos a um múltiplo substancialmente superior ao índice de alavancagem da Marfrig.



“Dito isso, após ajustar os números da Marfrig para contabilizar suas participações na BRF e na National Beef (excluindo os minoritários), projetamos uma dívida líquida de final de ano de R$ 26 bilhões já considerando o recurso vindo da Minerva, levando para uma relação dívida líquida/Ebitda de 3,7x – patamar ainda elevado”, discorrem.

Fora isso, om o ciclo de gado dos EUA ainda em processo de normalização e o ciclo avícola brasileiro provavelmente no seu auge, é difícil adotar uma postura mais otimista em relação à história de valorização das ações da Marfrig (ex-BRF).

Somadas essas questões, o BTG mantém sua recomendação neutra para Marfrig, Minerva e BRF (BRFS3), preferindo investir no setor por JBS (JBSS3)