O que fazer com as ações de Minerva (BEEF3) e Marfrig (MRFG3) com aprovação do Cade para acordo?
Na última sexta-feira (9), Minerva (BEEF3) e Marfrig (MRFG3) informaram que a Superintendência Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) divulgou parecer final recomendando ao Tribunal Administrativo de Defesa Econômica a aprovação do acordo entre as companhias, mediante a celebração de acordo em controle de concentrações (ACC). Em agosto de 2023, Minerva e Marfrig acertaram contrato de R$ 7,5 bilhões envolvendo a alienação de 16 plantas e um centro de distribuição.
Para os analistas da Genial Investimentos, as incertezas sobre a aquisição já estevam refletidas no preço das ações da Minerva. Agora, a tendência é de um foco maior no desempenho operacional favorável projetado para o ano, que pode alavancar novamente o papel. A casa recomenda compra para Minerva (preço-alvo de R$ 9) e neutro para Marfrig (preço-alvo de R$ 10).
Na avaliação do BTG Pactual, o sinal verde da superintendência do Cade marca um avanço significativo no prolongado processo em torno deste negócio – uma saga que se estendeu além das expectativas iniciais, com as primeiras estimativas para sua conclusão datando do ano passado e as expectativas para o 4T24.
- LEIA TAMBÉM: Receba em primeira mão as análises dos balanços das maiores empresas do agro, segundo os analistas da Empiricus Research.
“A aprovação deverá esclarecer as perspectivas financeiras da Minerva, ao mesmo tempo que injetará na Marfrig o tão necessário caixa para uma operação com valuation atrativo. Neste ponto, diríamos que o mercado celebrará essa decisão (mais cedo que o esperado) do Cade tanto para Marfrig quanto para Minerva”, apontam Guilherme Guttilla, Bruno Lima e Thiago Duarte.
Ganhos para Minerva e Marfrig com acordo
Apesar de acreditarem que o acordo foi fechado com um múltiplo elevado, tornando a criação de valor para a Minerva um desafio, na melhor das hipóteses, neste momento os analistas do BTG veem o resultado como amplamente precificado. “A recomendação da superintendência do Cade removeu um obstáculo significativo. No entanto, a nossa tese geral permanece inalterada: este cenário é binário e os riscos associados podem ou não justificar os potenciais retornos”, completam.
Do ponto de vista da Marfrig, a notícia é positiva. A elevada alavancagem da empresa tem sido uma preocupação fundamental, e este acordo proporciona um forte alívio, uma vez que os ativos foram supostamente vendidos a um múltiplo substancialmente superior ao índice de alavancagem da Marfrig.
“Dito isso, após ajustar os números da Marfrig para contabilizar suas participações na BRF e na National Beef (excluindo os minoritários), projetamos uma dívida líquida de final de ano de R$ 26 bilhões já considerando o recurso vindo da Minerva, levando para uma relação dívida líquida/Ebitda de 3,7x – patamar ainda elevado”, discorrem.
Fora isso, om o ciclo de gado dos EUA ainda em processo de normalização e o ciclo avícola brasileiro provavelmente no seu auge, é difícil adotar uma postura mais otimista em relação à história de valorização das ações da Marfrig (ex-BRF).
Somadas essas questões, o BTG mantém sua recomendação neutra para Marfrig, Minerva e BRF (BRFS3), preferindo investir no setor por JBS (JBSS3)