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O que faz o Ibovespa saltar quase 3% e superar os 127 mil pontos pela primeira vez em 2025? 

30 jan 2025, 13:22 - atualizado em 30 jan 2025, 18:17
ibovespa 155 mil pontos ações
Ibovespa salta após falas mais brandas de Lula sobre Copom e firme alta de Vale (VALE3) [Imagem: iStock (traffic_analyzer) / Canva - Montagem: Giovanna Figueredo]

Sem surpresas com a decisão do Banco Central sobre os juros, o Ibovespa (IBOV) operou em firme alta nesta quinta-feira (30). 

Na parte da tarde, o principal índice da bolsa brasileira atingiu a máxima intradia aos 127.168,82 pontos, com avanço de 3,03%. O índice fechou com alta de 2,82%, aos 126.912,78 pontos. 



Mas o bom humor não é apenas uma reação ao “tom suave”, na avaliação dos analistas, adotado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC — que manteve o guidance e elevou a Selic para 13,25%, com mais uma alta de 1 ponto percentual contratada para a reunião de março. 

O Ibovespa também avança com um combo de fatores: declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva “mais suaves”, dados do mercado de trabalho mais fracos do que o esperado e forte avanço das ações dos ‘pesos-pesados’. 

Há também um impulso das bolsas de Nova York, que sobem após dados do Produto Interno Bruto (PIB), inflação e pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos. 

Ibovespa sobe com Lula 

Em entrevista coletiva, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou o compromisso com a responsabilidade fiscal do país. 

“A estabilidade fiscal é uma questão muito importante para o governo. Queremos responsabilidade e o melhor déficit possível. […] Se depender de mim, não teremos outra medida fiscal”, disse Lula a jornalistas no Palácio do Planalto.

O chefe do Executivo também adotou um tom mais brando sobre a decisão do Copom em elevar os juros — na primeira reunião do ano e sob o comando de Gabriel Galípolo, indicado pelo governo. 

Lula disse que o presidente do BC “não pode dar cavalo de pau em um mar revolto de uma hora para outra” e que “já estava praticamente demarcada a necessidade da subida de juros pelo outro presidente e Galípolo fez aquilo que entendeu que deveria fazer”.

“Temos consciência de que é preciso ter paciência. Tenho 100% de confiança no trabalho do presidente do BC e tenho certeza de que ele vai criar as condições para entregar ao povo brasileiro uma taxa de juros menor, no tempo em que a política permitir que ele faça. Nós, como governo, temos de cumprir a nossa parte. A sociedade cumpre a parte dela. E o companheiro Galípolo cumpra a função que ele tem de coordenar a política monetária brasileira”, disse Lula.

Alta de Vale (VALE3) 

Entre as ações que compõem o Ibovespa, os papéis da Vale (VALE3)  são os que têm maior participação. Ou seja, qualquer movimentação seja negativa seja positiva impacta diretamente no desempenho do principal índice da bolsa brasileira. 

Nesta quinta-feira (30) não é diferente. Os papéis da mineradora subiram mais de 5%, mesmo sem a referência do minério de ferro negociado na China por conta do feriado de “Ano Novo Chinês”. 



O avanço, porém, é impulsionado também por declarações de Lula. Ele afirmou que a mineradora se dispôs a ter um novo comportamento com o governo, após ter sido governada de “maneira muito irresponsável”. 

Lula se reuniu com o CEO da Vale, Gustavo Pimenta, na última terça-feira (28) e classificou o encontro como “extraordinário” e ainda destacou a importância da companhia para a economia brasileira. 

“Vamos fazer outra reunião [com o presidente da Vale] para discutir como vamos vencer os obstáculos de mineração que a Vale está enfrentando. […] Precisamos fazer com que a empresa volte a produzir mais minério de ferro.”

Dados de emprego mais fracos 

O Brasil fechou 535.547 vagas formais de trabalho em dezembro, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego. O resultado do mês passado foi fruto de 1.524.251 admissões e 2.059.798 desligamentos.

Esse foi o saldo mais negativo em um mês desde dezembro de 2020, quando começou a série do Novo Caged. 

No total de janeiro a dezembro de 2024, houve criação de 1.693.673 postos, resultado de 25.567.248 admissões e 23.873.575 desligamentos. Segundo o ministério, o saldo de empregos em dezembro historicamente apresenta retração.

Após a divulgação dos números, os juros futuros mais longos acompanharam as taxas curtas e intermediárias e passaram a cair. 

Por volta de 13h15 (horário de Brasília), a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 operava a 14,86% ante 14,90% do ajuste anterior. 

Na bolsa, o alívio nos juros beneficia as ações cíclicas, que são mais sensíveis aos fatores econômicos, e que possuem “dependência” do consumo das famílias. No mesmo horário, Magazine Luiza (MGLU3) liderava os ganhos do Ibovespa, com alta de quase 10%. Acompanhe o Tempo Real.

Resultado das contas públicas

governo central fechou o ano de 2024 com um déficit primário de R$ 43 bilhões, o que representa uma queda real de 81,7% na comparação com 2023, quando o déficit foi de R$ 228,49 bilhões.

O número foi composto por um superávit de R$ 254,4 bilhões do Tesouro Nacional e do Banco Central e por um déficit de R$ 297,4 bilhões na Previdência Social (RGPS).

O resultado primário em 12 meses correspondeu a 0,36% do Produto Interno Bruto (PIB).

O valor inclui despesas extraordinárias que não serão contabilizadas na meta fiscal, como os valores direcionados a mitigar os efeitos das enchentes no Rio Grande do Sul. Excluindo esses gastos, o déficit do ano cai para R$ 11,032 bilhões, equivalente a 0,09% do PIB, cumprindo o arcabouço fiscal.

A meta de resultado primário para 2024 era de déficit zero, com intervalo de tolerância de 0,25 ponto do PIB, para cima ou para baixo.

Na avaliação do economista da XP Investimentos, Tiago Sbardelotto, o cumprimento da meta de resultado primário em 2025 deve ser menos desafiador do que em 2024.

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Repórter
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
liliane.santos@moneytimes.com.br
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