O que falta para a ação da Via (VIIA3) engatar uma boa recuperação?
As ações da Via (VIIA3), assim como de seus pares Magazine Luiza (MGLU3) e Americanas (AMER3), subiram bem na última semana, beneficiando-se de um movimento de queda de ativos ligados a commodities.
O mercado começa a questionar se a retomada para os varejistas finalmente chegou. Alguns especialistas, porém, continuam céticos.
É o caso do BTG Pactual (BPAC11), que recentemente cortou o preço-alvo das ações da Via para R$ 4 (de R$ 8 anteriormente) e manteve a recomendação em “neutro”.
Analistas do banco projetam um cenário ainda desafiador pela frente, com o e-commerce local desacelerando nas principais categorias (eletrônicos e eletrodomésticos) e a competição se tornando cada vez mais evidente no setor.
No caso da Via, as provisões anunciadas para os próximos anos devem continuar pressionando os resultados da companhia.
“Assim, a manutenção do nosso rating Neutro é baseada em uma combinação de perspectivas competitivas, alta exposição a eletroeletrônicos e incertezas quanto às provisões futuras e à monetização de créditos tributários, o que pode afetar a capacidade da empresa de investir no crescimento de suas operações”, afirmam os analistas Luiz Guanais, Gabriel Disselli, Victor Rogatis e Luiz Temporini, em relatório divulgado na última sexta-feira (8).
A Via anunciou no fim do ano passado uma revisão em sua política de provisionamento, o que resultou em um aumento de R$ 1,2 bilhão nas provisões trabalhistas, chegando a R$ 2,5 bilhões.
O BTG destaca que a Via possui R$ 9,5 bilhões em créditos tributários em seu balanço que espera monetizar para compensar o aumento das provisões trabalhistas, sendo que R$ 1,8 bilhão deve ser monetizado em 2022, R$ 1,8 bilhão em 2023 e R$ 2,2 bilhões em 2024.
Pelos cálculos da instituição, supondo que a Via consiga monetizar gradativamente seus créditos tributários, ela deve agregar R$ 3,9 bilhões em valor patrimonial, ou R$ 2,40/ação.
“Mas há riscos negativos para a monetização devido à dependência de impostos gerados pela empresa (e crescimento operacional), além de decisões regulatórias e tributárias fora do controle da Via”, ressaltam os analistas.
Gatilhos para uma recuperação
Na avaliação do BTG, uma possível recuperação das ações da Via após o tombo de mais de 80% nos últimos 12 meses depende de alguns fatores que vão além da monetização de seus créditos tributários.
Para ver uma retomada consistente dos papéis, a varejista precisa mostrar uma recuperação sustentável do tráfego em suas lojas. O desempenho do seu e-commerce também deve mostrar sinais de “sólido progresso”, principalmente nas novas categorias do marketplace, diz o BTG.
O banco acrescenta que uma monetização do GMV (volume bruto de mercadorias) será fundamental para a alavancagem financeira e operacional da Via nos próximos trimestres.
Além da Via, o BTG cortou o preço-alvo da Americanas, de R$ 45 para R$ 29, mas manteve a recomendação de compra.
Os papéis do Magazine Luiza também sofreram uma redução de preço-alvo, de R$ 16 para R$ 7. A recomendação de compra, no entanto, foi reiterada.
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