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O que explica o tombo de 4 fundos imobiliários e o prejuízo de mais de R$ 340 milhões com ‘calote’?

05 abr 2023, 13:59 - atualizado em 05 abr 2023, 16:58
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Calote envolvendo CRIs pega em cheio quatro fundos imobiliários que acumulam perdas de até 42% ou uma bolada em dinheiro (Imagem: Pixabay/1820796)

Quatro fundos imobiliários acumulam perdas entre 27,7% e 42,3% no ano, considerando a cotação desta quarta-feira (5). Além de liderarem as quedas no acumulado de 2023, esses quatro FIIs têm outra coisa em comum. Todos fazem parte de calotes envolvendo o pagamento de Certificados Recebíveis Imobiliários (CRIs).

Em cifras, em poucos dias, os fundos Tordesilhas EI (TORD11), Hectare CE (HCTR11), Versalhes Recebíveis (VSLH11) e Devant Recebíveis (DEVA11) perderam R$ 343 milhões, segundo o colunista Graciliano Rocha, do UOL. Segundo ele, o prejuízo atinge 500 mil cotistas.

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Desempenho de fundos imobiliários em março de 2023 (Levantamento: Empiricus Research)

O que explica o tombo dos fundos imobiliários?

No início de março, a Forte Securitizadora (Fortesec) ficou inadimplente com o pagamento de juros e amortização de CRIs vencidos em 22 de fevereiro, o que levou os FIIs a derreterem nos primeiros dias do mês passado.

Dias depois, mais uma notícia envolvendo CRIs pegou em cheio esses fundos imobiliários. A Justiça do Rio Grande do Sul decidiu que a empresa do ramo imobiliário e de turismo Gramado Park (GPK) ficaria suspensa de pagar recebíveis à Fortesec por 60 dias.

Entretanto, a empresa gaúcha mudou a diretoria nos últimos dias. Com isso, a Gramado Park desistiu desse processo. A Fortesec é responsável pela emissão de CRIs da GPK e pertence ao fundo imobiliário Serra Verde (SRVD11).

Segundo o UOL, quem captou dinheiro dos cotistas desses quatro FIIs emprestou parte desse dinheiro a empreendimentos imobiliários pertencentes, em parte ou o total, a empresas ligadas ao seu mesmo grupo econômico. No entanto, dois desses devedores estão inadimplentes.

Entretanto, essas empresas do setor imobiliário e do mercado financeiro são controladas pelo empresário Marcos Jorge, por meio dos CRIs.

Conflitos de interesses?

Procurado pelo UOL, o grupo RTSC – holding que atua no mercado de financeiro, especialmente no segmento imobiliário e de crédito e que tem Marcos Jorge entre os sócios -, negou que houve conflito de interesses e insistiu que as gestoras dos FIIs são prestadoras de serviço aos cotistas e que tomam decisões de investimento de maneira independente.

No entanto, administrados pela Vórtx Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários e ligados à RTSC, cada fundo emitiu um comunicado em 29 de março listando cada instrumento financeiro em atraso.

HCTR11 listou 28 instrumentos financeiros em atraso, enquanto o VSLH11 listou 16. Já o TORD11 reportou cinco instrumentos financeiros e o DEVA11 listou calote de 22 operações.

As operações de inadimplência envolvem sete CRIs: EDA, Resort do Lago Park, Circuito das Compras, GPK, WAM Holding, Resort do Lago IV e Búzios Beach.

Porém, o colunista do UOL, Graciliano Ramos, destaca que pelo menos três casos, a holding RTSC está nas duas pontas do negócio, controlando as emissoras de dívida e os fundos que compraram os papéis.

O complexo turístico Resort do Park, em Caldas Novas, no interior de Goiás; o Circuito das Compras, ou a Feira da Madrugada, na região central de São Paulo; e a Gramado Park.

O Circuito das Compras tem o empresário Marcos Jorge como principal acionista e a Fortesec é a instituição financeira responsável por gerir os contratos de aluguel dos boxes que compõem a Feira da Madrugada, no Brás.

Sobre o Circuito das Compras, Marcos Jorge é alvo de investigação na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pirataria, instalada em 2021 na Câmara Municipal de São Paulo. Em fevereiro deste ano, foi a aprovada pela comissão uma condução coercitiva do empresário.

A CPI da Pirataria analisa e investiga crimes de evasão fiscal, sonegação, pirataria e falsificação na capital paulista.

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