Mercados

O que explica a onda de gringos na Bolsa após eleição de Lula? Gás do mercado está perto de acabar?

07 nov 2022, 11:42 - atualizado em 07 nov 2022, 12:12
Ibovespa
Primeiro pregão pós-eleições do Ibovespa engatou alta expressiva de 1,31% (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

Contrariando expectativas, a Bolsa reagiu bem ao resultado das urnas que definiu Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vitorioso.

Em uma disputa acirrada e polarizada, o petista foi eleito para seu terceiro mandato como presidente da República, superando o atual presidente Jair Bolsonaro (PL).

Diferentemente do que agentes do mercado estavam projetando (sessões negativas para o mercado de ações brasileiro, ao menos nos primeiros dias), o primeiro pregão pós-eleições do Ibovespa engatou alta expressiva de 1,31%.

Os pregões seguintes seguiram voláteis, mas o Ibovespa conseguiu se manter em campo positivo na maioria das sessões, e fechou a semana acumulando ganhos de mais de 3%, ao passo que o dólar caiu forte, terminando na última sexta-feira no patamar mais fraco em mais de dois meses, abaixo dos R$ 5,10.

Investidor estrangeiro está comprando Brasil

O gás que o mercado vivenciou nos primeiros dias após a definição da disputa eleitoral histórica veio na forma de uma robusta injeção de capital por parte dos investidores estrangeiros.

Definido o nome que irá governar o Brasil a partir de 2023 e mitigado o risco de contestação pelo governo atual, os gringos correram para a Bolsa brasileira.

De acordo com dados divulgados pela B3 (B3SA3), nos três primeiros pregões da semana, as compras de estrangeiros no mercado secundário de ações brasileiro superaram as vendas em R$ 2,9 bilhões.

Só no primeiro dia pós-segundo turno, os estrangeiros aportaram R$ 1,9 bilhão na Bolsa.

Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital, o Brasil está “muito bem colocado economicamente” no cenário externo, principalmente quando comparado com outros países emergentes.

“O Brasil está muito bem visto e muito bem quisto no cenário externo, principalmente pelo investidor estrangeiro”, diz.

Felipe Simões, economista e diretor da WIT Asset, explica que os mercados emergentes costumam ter ciclos financeiros em momentos opostos aos ciclos de mercados desenvolvidos.

De acordo com o especialista, o movimento de migração do fluxo em mercados desenvolvidos para os mercados emergentes já vem acontecendo desde o ano passado, com o Brasil se beneficiando mais.

“Esse fluxo tem migrado para países emergentes, e o Brasil é o país que mais se beneficia, pois o país é muito forte em commodities e institucionalmente estável. Então, o Brasil se beneficia bastante deste movimento.

Em relatório publicado em setembro, o UBS defende que a fase positiva da Bolsa ganhará tração ao longo dos próximos meses.

Após anos de performance fraca em relação aos pares emergentes e mercados desenvolvidos, a Bolsa brasileira é destaque positivo em 2022.

Enquanto os mercados globais vivem o temor de uma recessão conforme os bancos centrais dão continuidade à elevação das taxas de juros em seus respectivos países, o Brasil está saindo de um ciclo de aperto monetário que se iniciou em março do ano passado.

Na avaliação do UBS, o mercado de ações brasileiro “acordou” neste ano e deve manter desempenho superior ao de outros mercados emergentes pelos próximos 12-18 meses.

Onda de gringos

Leandro Petrokas, diretor de research e sócio da Quantzed, acredita que existe uma boa possibilidade de o Brasil viver uma entrada em massa de investidores gringos.

“O momento do mundo era outro, mas, quando Lula foi eleito no mandato um, a Bolsa andou bem, inclusive com capital estrangeiro”, lembra.

Na opinião de Petrokas, o Brasil pode servir de destino para capital, principalmente com as Bolsas internacionais em queda.

Na Europa, as Bolsas estão pouco atrativas, enquanto os mercados acionários nos Estados Unidos operam em queda, reforça o analista.

“Há uma boa possibilidade de os investidores virem para cá, muito atrelada a como que o governo eleito vai se portar no que tange à nomeação do time e ao fio condutor da dinâmica econômica do país”, completa Petrokas.

Um ponto ainda a ser definido

Com Lula eleito, resta saber a composição da equipe de gestão do novo governo. As incertezas em relação aos nomes que serão divulgados persistem, penalizando mais ações de estatais.

“Investidores, em geral, bateram nas ações, venderam fortemente Banco do Brasil (BBAS3) e Petrobras (PETR4), muito por conta do risco de incerteza de como será a postura do governo eleito perante estatais”, explica Petrokas.

Segundo o especialista da Quantzed, a dúvida principal do mercado é com a influência do Estado sobre essas empresas – se deixará funcionando por conta própria ou usará elas para fazer política de governo.

Para completar, existem desafios macroeconômicos persistentes, como a inflação ainda elevada no Brasil e no mundo, além de um cenário de menor crescimento econômico no cenário global.

Como Petrokas, o Santander Asset acredita que as definições de política econômica do governo Lula ainda devem fazer ruído no mercado doméstico.

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