Efeito das eleições? O que explica a maior queda de Banco do Brasil (BBAS3) em 11 meses?
O Banco do Brasil (BBAS3) desabou 4,8%, a R$ 39,63, na sessão desta terça-feira (6), em dia de forte recuo do Ibovespa, que caiu 2,17%.
Trata-se da maior queda para o Banco do Brasil desde 19 de outubro de 2021, quando o papel tombou 4,91%.
No mesmo setor, Itaú Unibanco (ITUB4) teve leve perda de 0,93%, a R$ 26,73, e Bradesco (BBDC4) caiu 0,62%, a R$ 19,23.
Para analistas ouvidos pelo Money Times, o banco recuou por uma conjunção de fatores – dentre eles, a expectativa de mais juros do Banco Central.
O mercado de juros futuros apagou 0,5 ponto percentual em quedas da taxa Selic precificadas para 2023, depois que falas “hawkish” do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e do diretor Bruno Serra indicaram que a autoridade monetária não pensa em corte neste momento, reiterando postura vigilante com a inflação.
“A expectativa da extensão do ciclo de alta da Selic, por um período de manutenção maior que o esperado, impactou diretamente o setor bancário, em especial o Banco do Brasil“, diz Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil.
Alves diz que a manutenção do aperto monetário afeta o desenvolvimento da economia e pode reduzir o apetite de crescimento da economia local.
Já Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, lembra que a ação do BB registrou performance melhor que a dos outros bancos, o que a deixou com uma “gordura”.
Enquanto o Banco do Brasil sobe 37,51% no ano, Itaú acumula alta de 24% e Bradesco cai 2,34%.
Veja o gráfico abaixo:
As ações foram sustentadas, especialmente, pelos lucros recordes do BB no segundo trimestre, que ultrapassou os outros bancos, e os seus dividendos.
Efeito das eleições para Banco do Brasil?
Por que o BB caiu bem mais que Bradesco e Itaú nesta terça? Para Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, a resposta pode estar nas eleições.
“Quando falamos de estatais, sim, as eleições são uma preocupação muito grande. Nós já estamos notando que a alocação em estatais está diminuindo”, observa.
Komura diz que muitos investidores estão ficando “mais leves” em relação ao posicionamento nessas companhias, e esse movimento deve se intensificar à medida que o pleito, marcado para o mês que vem, se aproxima.
“Inclusive, temos muitas casas e gestores falando que estão tirando o pé porque é melhor ficar fora de estatais, principalmente Banco do Brasil e Petrobras, por mais que as empresas estejam muito baratas”, afirma.
Para ele, não é recomendável se posicionar nessas ações agora, apesar do valuation atrativo.
“Nós preferimos perder o movimento, para ter mais clareza do cenário político. Essa tem sido também a visão do mercado”, completa.
Moliterno, da Veedha Investimentos, argumenta que o fator político começa a pesar para o Banco do Brasil.
“Até mesmo por conta disso, o BB teve uma queda mais acentuada que Itaú e Bradesco“, diz.
Veja as maiores altas do Ibovespa nesta terça:
Empresa | Alta |
---|---|
Tim | 2,19% |
São Matinho | 1,97% |
Carrefour | 0,54% |
BRF | 0,49% |
Vivo | 0,77% |
Veja as maiores quedas do Ibovespa:
Empresa | Queda |
---|---|
MRV | 8,51% |
Magazine Luiza | 7,41% |
Via | 7,67% |
CVC | 7,12% |
Azul | 6,52% |
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