O que está acontecendo com a Vale (VALE3)? Ação engata 3º pregão seguido de queda
A Vale (VALE3) marcou nesta terça-feira (31) sua terceira sessão consecutiva de queda.
O movimento segue a queda dos preços do minério de ferro na China, com o preço de referência na bolsa de Dalian recuando da máxima do contrato da sessão anterior conforme o mercado avaliava a demanda no país asiático.
Apesar disso, a matéria-prima siderúrgica encerra o mês em alta, aproveitando o recente rali que se formou diante das perspectivas renovadas dos traders quanto à reabertura da economia chinesa após o fim da política de Covid Zero.
Na contramão da Vale, que recuou 0,49%, as ações das empresas do setor de mineração e siderurgia avançaram. A CSN Mineração (CMIN3) subiu 3,49%, dando continuidade à trajetória de alta do pregão anterior.
Mas por que a Vale engatou movimento contrário ao do setor nos últimos dias?
Preço justo
No último fechamento, que contou com uma dinâmica bem parecida com a do pregão desta terça (Vale em queda e demais mineradoras e siderúrgicas terminando o dia com ganhos), Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil, avaliou o movimento da Vale como uma correção.
As ações da Vale se recuperaram bem junto com os preços do minério de ferro, saindo dos R$ 60 em setembro de 2022 para o patamar atual de R$ 94-95.
Para o Inter Research, a companhia chegou ao preço justo e não deve subir muito mais. A casa adota uma posição de cautela em relação à Vale – na verdade, ao movimento de recuperação da economia chinesa, citando a incerteza em relação ao ritmo de retomada da atividade no país.
Gabriela Joubert, analista-chefe do Inter, explica que o que tem contribuído para a alta dos preços do minério de ferro é o otimismo que o mercado tem gerado sobre o processo de reabertura da segunda maior economia do mundo e de estocagem sazonal antes do Ano Novo Lunar.
Por isso, com a China voltando do feriado prolongado de Ano Novo Lunar, fevereiro será um mês “extremamente importante” para entender ou antecipar como será realmente a demanda chinesa para o restante do ano, acrescenta Joubert.
“A gente precisa ter dados mais contundentes para confirmar que esse processo vai dar a guinada que todo mundo está esperando”, defende a analista.
O Inter ainda tem recomendação “neutro” para a Vale, assim como o Goldman Sachs, que também menciona as incertezas ainda elevadas quanto à recuperação do mercado chinês.
Para o Goldman Sachs, é provável que os investidores fiquem desapontados com a magnitude da recuperação da demanda chinesa pós-Ano Novo Lunar. O sentimento negativo chega até o segundo trimestre de 2023, com a situação do mercado imobiliário no país ainda deteriorada.
O time de análise do Goldman Sachs está estruturalmente mais otimista com o petróleo do que com o minério de ferro.
O que dizem os otimistas?
Há quem acredite que a forte recuperação do setor de mineração e siderurgia não é precipitada. É o caso da Guide Investimentos.
Na avaliação do analista Mateus Haag, as sinalizações que o governo chinês vem dando a favor do fim da política de Covid Zero se sobressaem às restrições ainda presentes.
“Sabemos que, assim que essa crise for sanada, devemos ver um retorno à normalidade das atividades na China”, diz.
Para Haag, a ação da Vale tem potencial para mais valorização e deve “se manter firme” no longo prazo.
“É possível que a empresa sofra alguns trimestres à frente, devido a uma queda do preço do minério. Contudo, Vale é uma das mineradoras com menor cash cost do mundo e seu produto é de extrema importância na atualidade”, explica.
A Vale é a favorita da casa no setor de mineração.
A Vale divulgou hoje, após o fechamento do mercado, seu relatório de produção e vendas do quarto trimestre de 2022. O volume do período caiu tanto no comparativo trimestral quanto anual.
No ano, a produção totalizou 307,8 milhões de toneladas, abaixo da projeção de 310 milhões de toneladas do ingrediente siderúrgico para 2022.