Ambev

O que está acontecendo com a Ambev?

03 mar 2017, 0:12 - atualizado em 05 nov 2017, 14:07

A Ambev bem que tentou, mas não conseguiu superar mais um ano de recessão no Brasil. A empresa lançou garrafas de várias cores, pequenas e retornáveis, chamou a Budweiser de premium, mas nada disso foi capaz de compensar a crise. O resultado foi a perda de mercado, além de uma forte queda dos volumes.

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“Reconhecemos que o crescimento de longo prazo do Brasil implica em inevitáveis períodos de volatilidade e que os brasileiros estão enfrentando um cenário muito difícil, mas nós medimos nosso desempenho baseado em valores absolutos e não estamos satisfeitos com os nossos resultados de 2016”, disse a empresa em seu comunicado.

Os números mostram que as quedas de volumes e receitas de cervejas e refrigerantes no Brasil levaram a uma diminuição de 9,7% na receita líquida, que aliadas ao aumento de 10,6% no custo de produção, resultou nas quedas de 17,6% no lucro bruto e 30,8% no Ebitda (geração de caixa).

A Itaú Corretora chama a atenção para a linha “outras receitas” no resultado. “Os subsídios tributários ficaram em 1,3% das receitas, abaixo da média histórica e de nossas estimativas. Se mantido nesse patamar, pode significar uma redução de até 10% em nosso valor justo para as ações”, afirmam os analistas. O preço-alvo atual é de R$ 19. A corretora ressalta que o preço corrente da ação não é um ponto de entrada atrativo.

Concorrência

“A tônica do resultado operacional continuou sendo o mesmo do que em todo o ano, a companhia voltou a perder market share e a apresentar forte pressão de volumes e rentabilidade no mercado doméstico”, ressalta a Coinvalores. E vale lembrar que a concorrência no país cresceu após anos tranquilidade. É esperado que a compra da Kirin Brasil pela Heineken seja capaz de mexer com a dinâmica do mercado brasileiro de cerveja. A nova companhia agora tem aproximadamente 20% do mercado e forte presença no Nordeste.

Talvez sabendo o que a espera, a Ambev desistiu de publicar projeções anuais, como costuma fazer a cada ano. A única meta que se tornou pública, desta vez, é a de custo por produto vendido em um esforço para crescer a margem sem enforcar ainda mais o consumidor brasileiro. “Embora entendamos que o ambiente competitivo no Brasil foi particularmente desafiador em 2016, o que pode ser uma razão por trás de menores projeções concretas, pensamos que a menor visibilidade das expectativas da Ambev para 2017 será vista negativamente pelos investidores”, avalia o Credit Suisse, em nota.

A companhia espera um primeiro semestre difícil (crescimento unitário de dois dígitos), mas melhorando no segundo semestre (crescimento de apenas um dígito). “Os comentários da administração deixam claro que 2017 será um ano focado em recuperar participação de mercado e volumes. Nesse sentido, esperamos que os preços permaneçam fracos na comparação anual, particularmente no primeiro semestre”, ressalta a equipe do BTG Pactual, em relatório. O mercado está de olho e isso já se reflete nas ações, que terminaram o dia em queda de 3,9%. “Parece muito cedo para dizer que o fundo é aqui”, conclui o BTG.