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O que esperar do 4T24 dos bancos com trajetória de alta da Selic? BTG Pactual aponta dois preferidos

22 jan 2025, 17:07 - atualizado em 22 jan 2025, 17:07
Bancos
Itaú e Santander abrem a temporada de balanços do 4T24 e também a do setor bancário (Imagem: Divulgação / Montagem: Bruna Martins)

No dia 5 de fevereiro, os bancões  Itaú Unibanco (ITUB4) e Santander (SANB11) dão o pontapé inicial na temporada de balanços do quarto trimestre de 2024 (4T24). O BTG Pactual observa a adoção de um tom de cautela dos bancos em meio a um cenário que vem se deteriorando.

As condições macroeconômicas são o grande ponto de atenção. Se no início de 2024 a expectativa era de uma taxa básica de juros (Selic) abaixo de dois dígitos, 2025 começou com o amargo de duas novas altas de 1 ponto percentual contratadas para as primeiras reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).

Com o cenário que vem se desenhando nos últimos meses, o BTG avalia que o risco-retorno de crescer rapidamente a carteira de crédito ficou “ainda mais difícil”, sendo que este tema provavelmente será um dos tópicos mais debatidos durante as conferências de resultados do quarto trimestre e o guidance (orientação) de 2025 dos bancos brasileiros.

Para os analistas, o sentimento dos bancos tradicionais parece estar se alinhando ao humor da chamada “Faria Lima”. “O cenário está se deteriorando, mas por enquanto, é sustentável”, avaliam.

Com os bancos começando a divulgar os números do quarto trimestre, o BTG espera ver dinâmicas saudáveis na qualidade dos ativos. Tendo em vista que a economia permanece robusta, os analistas veem como improvável uma rápida deterioração desses indicadores.

Contudo, se os dados começarem a piorar rapidamente, eles observam que isso poderá levar a um menor apetite por risco, criando um ciclo negativo, onde a menor disponibilidade de crédito agrava ainda mais a situação.

“Dito isso, por enquanto, tudo bem. No entanto, nossa impressão é que o cenário já está se deteriorando, com o crescimento das carteiras desacelerando”.

Entre os bancos tradicionais, o BTG reitera a preferência por Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3) em relação a Santander (SANB11) e Bradesco (BBDC4) pelo quarto ano consecutivo.

Bancos no 4T24: Itaú, Santander e Bradesco

Os analistas destacam a mudança do Bradesco para uma mensagem mais “cautelosa”. O CEO Marcelo Noronha reforçou no Fórum Econômico Mundial, em Davos, a necessidade de uma abordagem mais prudente de crédito no Brasil, devido às expectativas de alta na taxa de juros em 2025.

“Ele explicou que o apetite por risco do sistema bancário como um todo deve diminuir, com o crescimento do crédito provavelmente ficando abaixo dos 9% projetados pela Febraban. O Bradesco já adotou uma estratégia de risco mais controlada, focando em modalidades de crédito mais seguras, e esperamos que a carteira cresça entre 6-7% este ano”, comentam os analistas.

O BTG aponta que, ainda que o discurso do Bradesco sobre o crescimento do crédito tenha sido moderadamente otimista até meados do terceiro trimestre de 2024 (3T24), o Santander Brasil se adiantou e ajustou o tom mais cedo, com menor crescimento em ativos de risco desde o segundo trimestre de 2024, resultando em contração da carteira no 3T24.

Mesmo o Itaú, cuja carteira os analistas esperam que apresente um bom desempenho no quartro trimestre (ajudada por cartões de crédito e crédito imobiliário) e que tem se destacado nos últimos anos, está adotando um tom mais prudente.  A estimativa dos analistas do BTG é que o crescimento da carteira de crédito este ano seja próximo ao crescimento nominal do PIB (Produto Interno Bruto), em torno de 7%.

Estimativas

Sobre Itaú, inclusive, o BTG destaca alguns fatores que criam uma base de comparação difícil para o trimestre:

  • No terceiro trimestre de 2024, o banco se beneficiou de uma reversão de provisão de aproximadamente R$ 500 milhões relacionada à Americanas (AMER3);
  • Nos últimos anos, os ganhos com operações estruturadas no segmento atacado foram mais concentrados no quartro trimestre, mas em 2024 esses ganhos foram distribuídos de forma mais uniforme ao longo do ano.

Ainda assim, o BTG espera que o lucro líquido cresça 1,5% na base trimestral  e 15% na base anual, alcançando R$10,8 bilhões (ROE de 22,9%; em linha com o consenso).

“Projetamos crescimento sólido da carteira de crédito, mas com margem financeira ligeiramente menor, dado que produtos de maior margem, como cheque especial e crédito pessoal, tendem a crescer menos devido à sazonalidade ligada ao pagamento do 13º salário”, dizem os analistas.

Ainda, há a estimativa de que o Itaú anuncie dividendos extraordinários, com o modelo do BTG  indicando aproximadamente R$ 13 bilhões, o que deve impulsionar o ROE, mas reduzirá naturalmente o capital gerador de juros este ano.

Embora o ambiente macro ainda não tenha impactado a qualidade dos ativos, os modelos de perdas esperadas já estão ajustados à nova perspectiva, traduzindo-se em menor apetite por risco. Além disso, com a elevação da curva de juros, o Itaú aumentou o custo de capital utilizado na tomada de decisões (atualmente em torno de 14,5%, mas deve subir ligeiramente após os recentes aumentos na curva de juros).

Como resultado, houve ajustes marginais nas estimativas, refletindo um cenário mais conservador de crescimento da receita líquida em 2025. O BTG projeta um crescimento de 7% ao ano na carteira de crédito, margem financeira estável e expansão de 4% nas receitas de tarifas.

Já sobre o Santander, os analistas esperam uma leve aceleração no saldo de empréstimos, impulsionada pelos impactos cambiais em créditos atrelados ao dólar e pela ausência de baixas contábeis relacionadas à Americanas.

Em relação a carteira de crédito, a expectativa é de um crescimento entre 6-7% em 2025. Para o quartro trimestre , a qualidade dos ativos deve permanecer controlada, com o banco continuando a registrar provisões próximas a R$6 bilhões.

“No entanto, assim como o Bradesco, espera-se que a Selic mais alta prejudique a margem financeira com o mercado (resultados de tesouraria). Como resultado, o BTG projeta uma menor contribuição da margem financeira com o mercado no 4T, com uma perda estimada de aproximadamente R$900 milhões em 2025.

Por outro lado, a margem financeira com clientes deve se beneficiar de spreads de captação mais altos, impulsionados pela Selic mais elevada, e de uma leve mudança no mix de portfólio.

No geral, o BTG que a margem financeira contábil total cresça 6% em 2025. A projeção para o lucro líquido ajustado está em linha com o consenso, em R$3,7 bilhões, uma alta de 2% na base trimestral; 70% na anual e ROE de 16,4%.

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Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.
lorena.matos@moneytimes.com.br
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