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‘O que é isso, companheiro?’ Com funding sem “especuladores” e juros baixos, banco quer mostrar o que é ser de esquerda

03 fev 2022, 10:22 - atualizado em 03 fev 2022, 12:43
Marco Maia, diretor do LeftBank
Left, esquerda, a fintech que até no nome procura mostrar qual é seu público alvo (Imagem: Divulgação/LeftBank)

No mais tardar até fins de abril, os ‘companheiros’ vão saber o que é um banco que vai oferecer dinheiro com taxas bem abaixo da Selic de dois dígitos e que diz não querer especuladores alimentando o funding desses recursos.

Um banco tão de esquerda, como avisa seu diretor-geral Marco Maia, que até seu nome não deixa dúvida, LeftBank.

“Coerente, Inclusivo e Fraterno”, até no logo, o banco já existe e já conta com 5 mil correntistas.

Fez um ano em dezembro, nasceu empurrado pela “exclusão imposta pelo governo atual” e, como não nega Maia, petista de carteirinha, ex-deputado federal e ex-presidente da Câmara (2010-2013), pode ser impulsionado se a o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltar ao Planalto.

Não teria sido com essa estratégia que a fintech nasceu em Porto Alegre.

Mesmo porque Lula só teve as sentenças condenatórias revogadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que lhes restituiu os direitos políticos, em março de 2021, mas o dirigente da fintech acredita que os negócios terão ganhos com a empatia da “volta dos programas sociais e apoio às diversas camadas da sociedade excluídas dos bancões tradicionais”.

Ou da Faria Lima, como ele complementa.

Feito o parêntese da ‘volta para o futuro’, a situação do LeftBank, agora, é terminar de estruturar as operações de captação de recursos e de empréstimos. Abaixo do spread do mercado, o que significa que seus controladores e fundadores, Daniel Gonçalves (advogado) e Wolney Borba (contabilista e administrador), deverão mostrar, de fato, que são donos de um banco “sem banqueiros”.

A proposta, segundo Maia, é alcançar uma base de tomadores que precisam de “poucos recursos” para montar um negócio, entre outras definições.

E, naturalmente, a agricultura familiar e assentados rurais deverão ter uma boa fatia desses recursos, para trazê-los para o mercado com meios de produção que hoje não estariam à disposição.

Funding progressista

“O MST [Movimento Sem Terra do Rio Grande do Sul] lançou um fundo e, em poucos dias, conseguiu R$ 15 milhões”, exemplifica o ex-torneiro mecânico, sobre como a empresa tem potencial para atrair meios financeiros visando atender seus programas.

Essa gente considerada progressista – com as quais a direção esperar contar também com empresários com essa mesma visão social -, deverá se juntar a sindicatos, organizações e entidades que precisam remunerar suas receitas, mesmo que abaixo do mercado, em casamento com a destinação dos financiamentos em projetos que aumentem a base produtiva da economia.

Fundos lastreados em agricultura familiar, fundos lastreados em empréstimos consignados, e por aí vai, destaca Marco Maia.

Até lá, o LeftBank segue crescendo 5% semanalmente na base de clientes que operam normalmente os serviços clássicos bancários. E com taxas também mais baixas, ‘companheiros’.

Enquanto prepara também divulgação dos dados financeiros do 1º ano de atividade – dentro da “coerência” de dar transparência às operações -, o LeftBank também adiciona musculatura com a criação de um ecossistema.

LeftFone (plano de telefonia móvel sem fidelidade), LefMais (descontos em 25 mil estabelecimentos) e LeftAssistência (assistência veicular nos moldes de seguros) são produtos vendidos pela rede capilarizada de milhares de “Amigos e Amigas Left”, a turma presente em milhares de municípios, em 27 estados. Com comissionamento acima do mercado, ‘companheiros’, afirma o ex-deputado pelo Rio Grande do Sul.

“Até final do ano deveremos ter mais de 10 mil parceiros”, aposta.

Redes sociais

A base fidelizada das chamadas esquerdas, apoiadas pelas redes sociais e influencers como Maia diz ser um (mais de 1 milhão de seguidores), e plataformas como a “Esquerda compra da Esquerda” (do Facebook), vão pulverizar as propostas na medida em que o LeftBank encorpa.

Se apoiando, ainda, com base em pesquisas qualitativas de como se encaixa o público-alvo da instituição, nome que não cai muito no gosto dos dirigentes.

Dos 27% da população que se disse de esquerda ou centro-esquerda, entre 80% a 90% responderam que trocariam de banco se soubessem que seus bancos atuais fossem discriminatórios de gênero ou que negassem recursos para projetos diferenciados como os que o Left almeja.

Vale dizer que Marco Maia não defende que a economia brasileira “piore” mais do que já está – claro, até o Lula voltar, se voltar -, para não comprometer os negócios e o LeftBank não ficar carimbado por ter apostado no pior.

No mês que vem será conhecido também, talvez até junto com o lançamento com os produtos de financiamento, o Instituto LeftBank que vai receber 20% do lucro do banco para investir em ações sociais.

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