O que é ‘hard fork’ e como ele pode mudar o futuro da rede Terra (LUNA)?
Nas últimas semanas, a implosão da rede Terra e de seus tokens — a stablecoin algorítmica TerraUSD (UST) e o token de governança LUNA — abalou o mundo das criptomoedas.
Nesta semana, o fundador da rede e CEO de Terraform Labs, Do Kwon, voltou a ficar sob os holofotes, ao propor um plano para ressuscitar a rede, por meio de uma bifurcação (“fork”) do blockchain.
No entanto, a nomenclatura “fork” ainda é desconhecida por muitos que participam do mundo cripto ou que têm interesse nele.
Por esse motivo, o Crypto Times elaborou uma explicação para auxiliar no entendimento desse termo e do que poderá acontecer com a rede Terra.
Afinal, o que é um “fork”?
Antes de entender o que é um “fork”, é importante manter em mente a ideia de descentralização e comunidade no mundo das criptomoedas.
No caso da rede Bitcoin (BTC), por exemplo, não existe uma única pessoa ou empresa que mantém o blockchain. Este é mantido de maneira descentralizada por desenvolvedores, mineradores, usuários full nodes e pela comunidade que acredita na proposta da rede.
No entanto, como as redes blockchain tendem a envolver a participação de muitas pessoas, é comum que aconteçam desacordos sobre os rumos que a rede deveria tomar.
Podem existir situações em que aqueles que não concordam com determinada proposta abandonam a rede, sem gerar novas mudanças. Mas, há casos em que os envolvidos nas decisões do blockchain têm opiniões distintas e decidem não abandonar a rede, mas, sim, seguir caminhos diferentes.
É neste ponto que entra o “fork”.
Quando um blockchain passa por um “fork”, ele é copiado e modificado. O software do blockchain original continua existindo, mas separadamente em relação ao novo, como uma estrada que se divide em duas.
Para ilustrar com mais clareza, imagine que a equipe gestora de seu restaurante favorito tenha um forte desacordo e decida seguir caminhos diferentes.
Parte da equipe fundará um novo restaurante que pode replicar os mesmos itens do cardápio, mas, depois da divisão, o novo restaurante seguiria um caminho diferente do original.
Segundo a Binance Academy, os forks são comuns em projetos de blockchain de código aberto.
Terra (LUNA): Rede não terá ‘fork’ em blockchain
se depender da comunidade; entenda
Diferenças entre “hard forks” e “soft forks”
Os blockchains podem passar por dois tipos de bifurcação: “hard fork” e “soft fork”. Confira abaixo a definição de cada uma delas.
O que é um “hard fork”?
“Hard fork” (ou “bifurcação drástica”, em tradução livre) indica uma atualização de software que é incompatível com as versões anteriores.
Em sua nova configuração, os nós (“nodes”), que validam as transações da rede, conseguem se comunicar somente com os nós que funcionam na nova versão.
Com isso, ocorre a divisão do blockchain em dois: uma rede terá as regras antigas, enquanto a outra terá as mais novas. As redes seguem funcionando de modo paralelo, cada uma com seus blocos e transações, mas em blockchains distintos.
Isso já aconteceu com a rede Bitcoin, em agosto de 2017. Na época, o blockchain da rede foi dividido, dando origem à Bitcoin Cash (BCH), que possui o código-base original do Bitcoin sem a atualização Segregated Witness (SegWit, em inglês).
Este também é o caso da rede Terra. O plano do fundador da rede, divulgado nesta semana, propõe um “hard fork” do blockchain.
O novo plano de Do Kwon propõe a bifurcação do blockchain em uma nova rede, que se chamará “Terra”, com o token Luna, enquanto o antigo blockchain se tornaria “Terra Classic”, e o token Luna original passaria a ser chamado “Luna Classic” (LUNC).
O que é um “soft fork”?
“Soft fork” (ou “bifurcação moderada”, em tradução livre) designa uma atualização do blockchain que é compatível com as versões anteriores. Nesse caso, os nós validadores ainda conseguem se comunicar com os nós que ainda não passaram pela atualização.
Neste caso, geralmente ocorre a adição de uma regra que não é conflitante com as que já estão estabelecidas.
Um exemplo é a atualização Segregated Witness, mencionada anteriomente. SegWit propôs uma alteração no formato de blocos e transações na rede Bitcoin, sem alterar o modo de interação de validadores com a rede.
Com isso, nem todos os nodes foram atualizados imediatamente após a implementação de SegWit, visto que não há urgência, pois não compromete o funcionamento da rede.
Terra e o embate do “fork” na rede
A proposta de Do Kwon foi colocada em votação na última quarta-feira (18), mas foi alvo de críticas, devido ao “modelo ditatorial” adotado, que vai contra a descentralização, segundo o CEO de Allnodes, Konstantin Boyko-Romanovsky.
Antes da votação oficial, o fórum de governança de Terra propôs uma enquete não oficial sobre o assunto. Cerca de 7 mil pessoas participaram, sendo 91% delas contra o “fork” do blockchain.
“Noventa por cento da comunidade ativa é contra a bifurcação, e ainda o fundador força a narrativa dele sem ouvir sua própria comunidade”, disse ele.
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