O que é a Otan, organização que está no centro da guerra entre Rússia e Ucrânia
A expansão da esfera de influência da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) para o leste europeu foi um dos argumentos do governo de Vladimir Putin para justificar a invasão à Ucrânia nesta quinta-feira (24).
A tensão entre Rússia e a Aliança Atlântica, no entanto, remonta ao período da Guerra Fria – marcado pela hostilidade entre EUA e a antiga União Soviética (URSS).
Fundada em 1949, a Otan nasceu com o objetivo de atuar contra a expansão soviética na Europa Ocidental após a Segunda Guerra Mundial.
A aliança caracteriza-se por ser de cunho político e militar. Caso um membro da Otan seja atacado, por exemplo, todos os outros países da organização comprometem-se a revidar, conforme especificado no Artigo 5º do Tratado.
Hoje, a organização conta com 30 membros, mas foi fundada por 12 nações: Estados Unidos, Reino Unido, Bélgica, Canadá, Dinamarca, França, Islândia, Itália, Luxemburgo, Holanda, Noruega e Portugal.
Crise na Ucrânia
Após o fim da União Soviética em 1991, a Otan “perdeu a sua razão de ser e encontrou em uma crise existencial”, diz o professor de relações internacionais da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria) Bruno Hendler.
Gradualmente, a aliança passou a receber outros países e expandir sua influência para além do Atlântico Norte abrigando, inclusive, países do antigo bloco soviético.
Com o atentado às Torres Gêmeas, em 11 de setembro, os países membros da Otan cooperaram militarmente na guerra contra o Iraque, expandindo ainda mais sua influência.
À frente do Kremlin desde 1999, Putin começou a olhar com preocupação o avanço da Otan em direção à Rússia.
Na conferência de segurança de Munique, em 2007, o presidente russo criticou os EUA e a Otan por um suposto cerco à Rússia. De lá para cá, o atrito entre as potências apenas aumentou.
Para Hendler, da UFSM, a invasão da Ucrânia não pode ser compreendida considerando apenas uma ação isolada, mas, sim, levando em conta uma sucessão de acontecimentos – como a eleição de um presidente ucraniano mais alinhado aos EUA, cita.
O professor ressalta, porém, que Putin tem instrumentalizado o avanço da Otan para influenciar a opinião pública russa a seu favor, como aconteceu com a anexação da Crimeia em 2014.