O que deu errado com PSDB e PDT nas eleições? Futuro dos partidos está em risco?
O descarte do apoio feito por Rodrigo Garcia (PSDB), atual governador de São Paulo e candidato derrotado nas eleições, a Tarcísio de Freitas (Republicanos), que tenta derrotar Fernando Haddad (PT) no segundo turno, foi talvez a última e dolorosa jogada do partido que já foi um dos mais importantes do país.
O PSDB teve uma escolha tumultuada para o nome do candidato que representaria o partido nas eleições presidenciais, com João Doria vencendo as prévias, mas depois sendo obrigado a desistir da candidatura pelos próprios membros da cúpula do partido.
Na sequência, o partido não conseguiu se organizar para ter outro nome e acabou de lado na coligação de Simone Tebet (MDB). No fim, não conseguiu colocar seu candidato nem no segundo turno para o governo de São Paulo, corre o risco de perder o Rio Grande do Sul e viu os membros se dividirem entre apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao atual presidente Jair Bolsonaro (PL).
PSDB e PDT têm recuo no número de parlamentares e ficam de fora de discussão nacional
O PSDB passou de 29 deputados federais para 13 na próxima legislatura, além de ter apenas quatro senadores titulares no Congresso Nacional, sendo que nenhum foi eleito nessas eleições. Além de perder em São Paulo e estar a um fio da derrota no Rio Grande do Sul, o partido só tem as disputas no Mato Grosso do Sul e em Pernambuco. Mesmo que vença as três, esse será o menor número de estados governados pelo partido desde sua criação em 1988.
O PDT, que, liderado por Ciro Gomes, não se coligou com nenhum outro partido nessas eleições, tem agora apenas 17 deputados federais e dois senadores no Congresso Nacional.
Os dois partidos, na tentativa de se oferecer como a terceira via, agora terão que se contentar em ser base e dificilmente terão poder para liderar algo dentro do cenário nacional.
Veja como ficou a configuração do Senado
Sem o mínimo de parlamentares eleitos, partidos ficam sem fundo eleitoral e participação em debates
A queda no rendimento nas eleições deste ano passa a preocupar com a imposição da cláusula de barreira. Nas eleições de 2022 para a Câmara dos Deputados, 15 partidos não conseguiram atingir a chamada cláusula de barreira, que prevê um patamar mínimo de votos que os partidos devem obter nacionalmente.
A sigla que não atingiu os requisitos perde horário eleitoral gratuito e recursos do fundo partidário. Progressivamente, até 2030, os critérios para atingir a barreira vão ficar mais rigorosos. Além disso, a regra estabelece que, mesmo aqueles partidos que alcançam os requisitos mínimos, só recebem dinheiro do fundo na proporção da bancada. Ou seja, quem elege mais deputados, ganha mais dinheiro.
Neste ano, a cláusula exigia que cada legenda conseguisse ao menos 2% dos votos válidos, com um mínimo de 1% em nove estados. Ou que elegesse ao menos 11 deputados federais em um terço das unidades da federação.
Na votação de domingo (2), seis partidos conseguiram eleger deputados, mas não atingiram o número de votos nacionalmente exigido pela regra. PSC, Patriota, Solidariedade, Pros, Novo e PTB não atingiram o patamar mínimo e não terão direito a fundo eleitoral, horário na propaganda eleitoral e representação em debates na televisão.
Os outros nove partidos não atingiram o número mínimo de votos e não elegeram nenhum nome na Câmara. PCB, PCO, PMB, PRTB, PSTU, UP, Agir, DC e PMN.