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O que deixa o Credit Suisse (e outros bancos) animado com construtoras como MRVE3?

26 maio 2023, 15:11 - atualizado em 26 maio 2023, 15:11
Minha Casa Minha Vida
Bancos têm visto um cenário mais positivo para baixa renda, como a MRVE3, escoradas no Minha Casa, Minha Vida (Imagem: Lúcio Távora / MCIDADES)

O Credit Suisse está animado com as construtoras do segmento de baixa renda listadas na B3. Sendo assim, o banco suíço reiterou a recomendação de compra para as ações de MRV (MRVE3), Direcional (DIRR3) e Tenda (TEND3). Entretanto, a instituição ajustou o preço-alvo de alguns papéis.

Com isso, o Credit cortou o preço-alvo de MRV, de R$ 15 para R$ 14, enquanto elevou de R$ 21 para R$ 22 as estimativas para a Direcional. Para a Tenda, o preço-alvo de R$ 11 foi mantido, apesar de o banco ter feito uma atualização recente nas ações da construtora mineira.

MRV e Tenda são as ações que mais brilham no mês. Considerando o pregão desta sexta-feira (26), os papéis avançam 40% e mais de 35%, respectivamente. Por sua vez, a Direcional tem uma alta mais tímida, de 12%.

Além dos resultados do primeiro trimestre, divulgados este mês, outros fatores estão sendo considerados impulsionadores das ações dessas construtoras, segundo o Credit Suisse e outros bancos.

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A viga para levantar MRV e outras construtoras

Que as ações de construtoras estão bastantes descontadas, todo mundo sabe. Porém, um evento pode melhorar o desempenho delas. Tanto é que o banco suíço vê potencial de 40% de valorização para os papéis da Tenda.

Para os analistas do Credit Suisse, Pedro Hajnal e Vanessa Queiroga, com taxas de juros de longo prazo potencialmente diminuindo, é possível ver uma revisão para baixo no custo do patrimônio, elevando as ações. Além disso, eles destacam o cenário macroeconômico do país mais positivo.

“Vemos as operações das construtoras de baixa renda sendo impulsionadas por possíveis ajustes do programa Minha Casa, Minha Vida. Além disso, vemos oportunidade atrativa na microdinâmica de cada empresa também desencadeando operações. Portanto, aumentando os retornos”, avaliam.

Na semana passada, o governo federal anunciou novos membros do Conselho Curador do FGTS. Em 7 de junho, os novos nomes se reunirão com os antigos para, provavelmente, votarem um pacote de propostas para o programa habitacional do governo.

Segundo analistas de real estate do Santander, essas propostas que deverão ser apresentadas pelo Ministério das Cidades têm potencial para acelerar os índices de vendas sobre ofertas, como também, permitir que as margens brutas dessas empresas se aproximem ainda mais dos níveis pré-pandemia de Covid-19.

Os analistas do banco espanhol destacam como uma das principais mudanças a potencial aceleração no número de unidades financiadas para famílias com renda de até R$ 2,6 mil por mês. Além disso, segundo eles, o governo federal planeja aumentar a quantidade de famílias atendidas pelo programa e elevar o valor dos subsídios máximos.

“Também espera-se uma possível retomada da ‘linha especial’, que oferece taxas de financiamento subsidiadas para a aquisição de unidades da faixa 4, nos quais os preços são até 150% acima dos preços máximos do Minha Casa, Minha Vida”, comenta a equipe do Santander, reiterando que a visão é construtiva para ações de construtoras de baixa renda.

Banco prefere baixa renda

O JP Morgan também está mais otimista com as construtoras de baixa renda após os resultados do primeiro trimestre e, ainda, vendo uma melhora recente em relação ao sentimento com o cenário econômico do país.

Eles destacam que as construtoras exibem valorização de quase 30% no ano, enquanto o Ibovespa sobe 2%, em meio à expectativa de queda da taxas de juros, inflação mensal em queda e redução do risco-país.

No segmento, o banco norte-americano tem preferência por MRV, Direcional e Tenda, nesta ordem. Sendo assim, eles dizem ver notícias positivas à frente. 

“A implementação do FGTS consignado e das hipotecas com prazo de 35 anos também devem impulsionar as ações. Além disso, a contratação de unidades do ‘Pode Entrar’ durante os terceiro e quarto trimestres também representam um importante gatilho para a baixa renda”, comentam, referindo-se ao programa habitacional da prefeitura de São Paulo.

Construtoras de média e alta renda no radar

Os bancos também estão atentos ao segmento de média e alta renda, revisando as estimativas. O Credit Suisse reiterou a recomendação de compra as ações da Cyrela (CYRE3), elevando o preço-alvo para R$ 22, de R$ 21 anteriormente.

Todavia, para a Eztec (EZTC3), a recomendação segue neutra. O banco suíço cortou as estimativas para os papéis, passando de R$ 24 para R$ 20 por ação ordinária.

“Embora continuemos cautelosos com o mercado de renda média, mantemos a visão positiva para a Cyrela, com base na alta qualidade de seu portfólio de projetos, além da alta liquidez das ações, que é fundamental para a maioria dos investidores que desejam participar de uma inflexão de taxas”, avaliam Hajnal e Queiroga, do Credit.

Em contrapartida, as projeções para a Eztec são mais contidas. Segundo eles, as mudanças futuras nos preços de longo prazo e uma demanda diferente do esperado na capital paulista podem ser fatores limitantes para um avanço da ação, como também uma competição mais acirrada do que o esperado.

No mais, o JP Morgan também aposta nas ações das duas construtoras em seus segmentos de atuação. “Especialmente o segmento de média e alta renda deve se beneficiar da melhora do cenário macroeconômico, diante da queda contínua das taxas de juros reais de longo prazo”, diz a equipe do banco. 

As ações da Cyrela disparam 26% em maio, enquanto as da Eztec, também listada no Ibovespa, avançam perto de 20%.