O que CSN (CSNA3) ganha com Samarco? Entenda por que potencial aquisição é estratégica
O setor de mineração foi pego de surpresa no início da semana com boatos de que uma nova aquisição estaria sendo considerada por uma das principais empresas do segmento.
Na segunda-feira (20), a Reuters informou que a CSN (CSNA3) estaria elaborando uma oferta de aquisição da Samarco, controlada por meio de joint venture por Vale (VALE3) e BHP Billiton, cada uma com 50% de participação. A notícia foi confirmada pela própria CSN, em documento enviado ao mercado na noite desta terça (21).
A CSN disse que contratou uma assessoria financeira para avaliar a compra, bem como as alternativas que “eventualmente poderão se apresentar para aquisição” na mineradora.
Também ontem à noite, foi informado que a Samarco e seus credores financeiros aceitaram iniciar uma mediação para buscar um consenso para a reestruturação da dívida da empresa.
A mediação deve ser realizada no centro de mediação empresarial de Belo Horizonte. As partes envolvidas devem entregar um calendário para as negociações até o início do mês que vem.
Por que a Samarco?
Há quem possa questionar a intenção de compra da Samarco, já que a companhia, que ainda se encontra em processo de reparação de danos pelo desastre em Mariana (MG), entrou em recuperação judicial no ano passado, acumulando dívidas de aproximadamente R$ 50 bilhões.
A resposta é simples: Com a Samarco, a CSN vai impulsionar sua unidade de mineração de ferro e se tornar uma das principais companhias mundiais dentro do segmento.
Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, diz que a aquisição é estratégica para o planejamento da CSN porque colocaria um produto premium no portfólio da empresa.
A Samarco também seria benéfica para as operações da CSN se levar em conta as sinergias geográficas desse tipo de transação, completa.
A Samarco detém o Complexo de Ubu, que está localizado em Anchieta (ES) e conta com quatro usinas de pelotização, estações de tratamento de água e um terminal marítimo para escoamento da produção.
A Samarco também está presente em Mariana e Ouro Preto (MG), onde, por meio do Complexo de Mineração de Germano, extrai e transforma um rejeito em minério com alto teor de ferro.
Em 2021, a Samarco produz cerca de 7,9 milhões de toneladas de minério de ferro, principalmente pelotas. Segundo a Genial Investimentos, se a companhia voltar à capacidade de produção pré-acidente em Mariana, de cerca de 30,5 milhões de toneladas de pelotas, a CSN mais que dobraria seus números na unidade de mineração.
Por que Vale e BHP não querem vender?
Com o burburinho da notícia de uma potencial oferta da CSN, a Vale e a BHP chegaram a dizer que a Samarco não está à venda.
As duas empresas defenderam que estão focadas em “garantir a sustentabilidade” da Samarco, realizando esforços de reparação que “não estão endereçados pelo plano dos credores”.
Os credores detêm bonds emitidos pela Samarco no valor de R$ 24 bilhões, provenientes de empréstimos realizados antes de 2015, explica a Genial.
Os credores acabaram não concordando com o plano de recuperação da Samarco e apresentaram um plano alternativo – capitalização de 38% da dívida na forma de debêntures, tirando Vale e BHP da gestão da mineradora – ao juiz.
“O plano é nomeado como ‘Nova Samarco’, tendo como um dos objetivos buscar um investidor estratégico de mineração (altamente especulado para ser a CSN)”, destaca a corretora.
Além de questões de reestruturação de dívida, outro ponto que pode explicar a relutância da Vale em se livrar do ativo é que a Samarco continua sendo importante para os negócios da empresa, diz Arbetman, da Ativa.
“Quando vemos o core da estratégia, privilégio de valor sobre volume, vemos o grau de relevância da Samarco para a companhia”, afirma o analista.
Difícil, mas não impossível
As condições para que a transação finalmente ganhe sinal verde não são das melhores. Henrique Tavares, analista DV Invest, não vê a celebração de um acordo entre as partes acontecendo agora.
A maior barreira continua sendo o tamanho dos passivos da Samarco, avalia o especialista.
“A Samarco listou cerca de R$ 50 bilhões em dívidas inadimplentes durante o pedido de recuperação judicial. Assim, os acionistas controladores (Vale e BHP) que se comprometeram e reafirmaram esse compromisso de contribuir com o pagamento aos credores da empresa devem ser mais resistentes em abrir mão do controle da companhia”, comenta.
Apesar disso, não é impossível que o acordo aconteça. Na opinião do analista da Ativa, outras propostas poderiam, inclusive, ser postas em cima da mesa.
“Não sabemos mais quem que pode estar vendo de fora. Se uma proposta for à frente, pode ter mais gente de olho nessa questão”, diz.
A Genial avalia a potencial aquisição como benéfica para a CSN. Segundo a corretora, adicionando, a partir de 2023, o aumento de capacidade total da Samarco, o incremento na CSN Mineração (CMIN3), controlada da CSN, seria próximo de R$ 9 por ação.
Por ora, a Genial tem recomendação de “manter” para as ações da CSN, com preço-alvo de R$ 26. Para os papéis da CSN Mineração, a recomendação é de compra, com preço-alvo de R$ 7.
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