O que Bolsonaro ganha e, sobretudo, o que perde ao perdoar Daniel Silveira?
O indulto concedido por Jair Bolsonaro (PL) a Daniel Silveira (PTB) na última quinta-feira (21) faz parte da personalidade desafiadora já conhecida pelos fiéis eleitores do presidente. Mas, na opinião de cientistas políticos, o afastam dos partidos de centro, peças-chave nas eleições de outubro.
De acordo com pesquisa divulgada ontem à noite pela Exame/Ideia, no primeiro turno, a base de eleitores de Bolsonaro é 33%, contra 42% do principal adversário, Lula. Esses percentuais sobem para 48%, para Lula, e 39%, para Bolsonaro, num hipotético confronto de segundo turno.
A diferença de 9 pontos percentuais é a menor entre os dois principais nomes da disputa desde junho do ano passado, segundo a Exame/Ideia.
Para superar a forte rejeição de 45%, número alto para quem almeja a reeleição, Bolsonaro precisa conquistar eleitores do centro.
No entanto, pondera o cientista político e sócio da Arko Advice, Lucas de Aragão, atitudes como o perdão a Daniel Silveira deixam o eleitor moderado mais longe do atual presidente.
“Falei com deputados do centro depois do que aconteceu ontem. Eles acreditam que isso afasta o eleitor moderado. O centro que vai decidir a eleição. Quando Bolsonaro toma uma decisão dessas, obviamente se afasta do eleitor do centro.”
A tendência de desagradar os eleitores moderados pode se agravar, se Bolsonaro levar adiante os planos de estender os perdões presidenciais a outras figuras controversas. Segundo o site Metrópole, o ex-capitão estaria cogitando conceder indultos também para Roberto Jefferson, Oswaldo Eustáquio e o blogueiro Allan dos Santos, que se encontra foragido nos EUA.
Ao mirar no STF, Bolsonaro quer acertar também TSE
Os tradicionais ataques de Bolsonaro têm o propósito claro de afrontar o Judiciário brasileiro. Mas na visão do cientista político da Fundação Getulio Vargas (FGV) Cláudio Couto, é também uma forma de minar a credibilidade do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Os ministros do STF Luis Roberto Barroso, Edson Fachin e Alexandre de Moraes são, respectivamente, ex-presidente, presidente e futuro comandante do TSE. Os ataques, então, dariam mais um pretexto para Bolsonaro lançar dúvidas sobre a lisura da eleição, em caso de derrota nas urnas.
“Permite a Bolsonaro reforçar o discurso de que a Justiça Eleitoral não é confiável, um argumento a mais para desacreditar o resultado no caso de uma eventual derrota nas eleições”, afirma Couto.
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