O que Bolsonaro e Néstor Kirchner têm em comum?
O que o candidato líder das pesquisas eleitorais no Brasil, Jair Bolsonaro (PSL), tem a ver com o ex-presidente da Argentina, Néstor Kirchner, têm em comum? Para Jan Dehn, gestor da britânica especializada em emergentes Ashmore, o que os liga é a tragédia pessoal e o seu consequente impacto no mercado financeiro.
“O esfaqueamento de Bolsonaro é um evento clássico de ‘Nestor’, ou seja, um evento, que é uma tragédia pessoal para a pessoa envolvida, mas uma fonte de euforia para o mercado. O dólar passou de R$ 4,15 para R$ 4,05 com as notícias de esfaqueamento e com os investidores tendo percebido que este evento fortaleceria Bolsonaro e enfraqueceria a esquerda”, afirma em um relatório enviado a clientes nesta segunda-feira (10).
Dehn explica que os eventos “Nestors” são chamados assim após a morte de Kirchner, o que resultou em uma redução de 200 pontos-base para o spread dos títulos do país. Ou seja, eles passaram a ter um risco menor na comparação com os de referência americanos.
Reflexos
Para a Ashmore, o atentado deve induzir alguma simpatia, o que ajudará a melhorar a alta taxa de rejeição de Bolsonaro, especialmente entre as mulheres. O evento também deve, por algum tempo, dar a Bolsonaro mais tempo na TV (o que ele não tem, embora seja forte nas mídias sociais).
“Bolsonaro também pode dizer que está certo em fazer da ‘lei e ordem’ o tema principal de sua campanha. O principal potencial negativo, além da dor física e possíveis conseqüências psicológicas de ter uma faca empurrada em seu corpo, é que Bolsonaro será incapaz de fazer campanha enquanto estiver se recuperando. A primeira rodada da eleição está próxima – 6 de outubro”, destaca o gestor.