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O que as 6 maiores gestoras do Brasil estão pensando? Veja um resumo de cada carta mensal

14 abr 2021, 16:32 - atualizado em 14 abr 2021, 16:32
Mercados Day Trader Trading
As gestoras entendem que o agravamento da pandemia e o lento processo de vacinação são vistos como obstáculos para a recuperação econômica (Imagem: Freepik/@standret)

Os principais fundos de hedge do Brasil adotaram um tom cauteloso em suas últimas cartas a clientes, visto que recrudescimento da pandemia e crescentes preocupações fiscais pesam sobre os ativos do país.

Gestores de ativos estão preocupados de que o impasse sobre o orçamento do país, que subestimou as despesas obrigatórias, deteriorará ainda mais o cenário fiscal.

Com o desgaste se arrastando por semanas e sem solução à vista, a Verde Asset Management disse aos clientes que o mercado não vê um compromisso fiscal por parte dos líderes políticos. A SPX Capital reduziu sua posição em ações brasileiras com preocupação semelhante.

O agravamento da pandemia, que vem batendo recordes quase que diariamente, e o lento processo de vacinação são vistos como obstáculos para a recuperação econômica. Para Kapitalo, a queda nas taxas de mobilidade devido a políticas de distanciamento social deve causar uma desaceleração da atividade econômica no segundo trimestre, ao contrário de estimativas de dois meses atrás que indicavam forte crescimento do PIB.

Ao mesmo tempo, a inflação deve continuar surpreendendo para cima, de acordo com a Legacy Capital. A gestora projeta que o IPCA chegará a 5,5% este ano, acima do limite superior do intervalo da meta.

Veja o que algumas das maiores gestoras de multimercado disseram em suas cartas de março:

Adam Capital

A crescente incerteza no cenário interno sustenta descontos em ativos. A elevação em 0,75 pp da Selic em março marcou uma importante mudança ne atitude do Banco Central para combater a resiliente inflação, que é impulsionada pelo aumento dos preços das commodities e pela desvalorização do real.

  • Adam Macro II FIC fund +0,21% em março, contra +0,20% do CDI
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A Bahia Asset tem posições compradas nos setores de commodities e consumo discricionário (Imagem: Site/Man Group)

Bahia Asset

Um aumento exponencial da Covid-19 no país em meio ao debate orçamentário amplia os riscos de uma deterioração fiscal. Mercado precifica ciclo de altas relevante a frente, baseando-se no último comunicado do Copom e nos riscos fiscais e políticos — que envolvem decisão do STF de tornar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva elegível novamente. Gestora tem posições compradas nos setores de commodities e consumo discricionário.

  • Bahia AM Maraú FIC FIM em março: +0,16%
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Ibiuna Investimentos

No Brasil, os fundamentos “seguem se fragilizando aceleradamente” em meio a crescentes problemas fiscais e políticos, o agravamento da pandemia e o ritmo lento de vacinação, o que deve impactar o ritmo da recuperação. O gestor de ativos está cético quanto à capacidade do governo em avançar com agenda ampla de reformas até o final do atual mandato presidencial.

  • Ibiuna Hedge FIC FIM em março: +0,78%
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“O ambiente político “muito conturbado” tornou os ativos brasileiros muito voláteis e contribui”, disse a Kapitalo (Imagem: Reuters/Ricardo Moraes)

Kapitalo Investimentos

O agravamento da pandemia no Brasil e a queda da mobilidade relativa devem resultar em uma desaceleração da atividade econômica no segundo trimestre, enquanto a inflação segue pressionada pela alta das commodities e contínua fraqueza do real. O ambiente político “muito conturbado” tornou os ativos brasileiros muito voláteis e contribui para manter os níveis de prêmio de risco elevados.

  • Kapitalo Kappa Fin em março: +1,64%
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Legacy Capital

Banco Central deve acelerar o ritmo de aperto monetário, já que a inflação tende a seguir surpreendendo positivamente tanto o mercado quanto a autoridade monetária. Legacy projeta inflação para 2021 em 5,5%, acima do limite superior do intervalo da meta, e em 4,1% em 2022. A relutância dos políticos em seguir as regras fiscais é o principal foco da macro incerteza no Brasil.

  • Legacy Capital B FIC FIM em março: -1,45%
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Para a SPX, de Rogério Xavier, uma aceleração da inflação global pode desencadear uma nova crise para o país (Imagem:Divulgação/Empiricus)

SPX Capital

As fragilidades do Brasil estão sendo colocadas a teste com “resultados bastante insatisfatórios”, à medida que os desequilíbrios fiscais e monetários dificultam a administração da crise de saúde. A deterioração da posição fiscal do país exige um aumento de impostos e controle de gastos duro que dificilmente será feito pelo atual governo.

A experiência do Brasil em controlar as expectativas de inflação é recente e frágil, e o ajuste moderado que o Banco Central planeja fazer pode não ser suficiente.

Uma aceleração da inflação global pode desencadear uma nova crise para o país, e o Brasil terá ferramentas fiscais e monetárias muito limitadas para combatê-la. SPX cortou posições em ações brasileiras, com foco em mineração e serviços financeiros.

  • SPX Nimitz Feeder FIC FIM em março: +2,57%
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A gestora de Luis Stuhlberger tem sido “parcimoniosa” e “paciente” ao implementar posições no mercado (Imagem: Reprodução/ IFL)

Verde Asset Management

Mercado não vê compromisso fiscal por parte de lideranças políticas, resultando numa demanda por prêmio como não era visto há muito tempo. Gestora tem sido “parcimoniosa” e “paciente” ao implementar posições no mercado.

  • Verde FIC FIM em março: +1,47%
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