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O que analistas têm a dizer sobre a “quinta-feira sombria” do bitcoin?

17 mar 2020, 10:36 - atualizado em 20 mar 2020, 11:09
Após a queda de preço de quase 50% do bitcoin na última “quinta-feira sombria”, analistas estão divididos sobre as causas das liquidações em massa (Imagem: Crypto Times)

Na quinta-feira da semana passada, mercados globais passaram por um dia turbulento de liquidações por conta da propagação do coronavírus.

Tanto as plataformas à vista como as de derivativos em cripto lutaram para lidar com a atividade volátil de negociação. Algumas corretoras encerraram suas atividades momentaneamente para cumprir com os requisitos de liquidez e de capacidade a curto prazo.

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Um fracasso alavancado

Nos últimos anos, o lançamento de plataformas regulamentadas como CME e Bakkt convidou uma nova leva de negociadores para as instituições comerciais de criptoativos.

Agora, conforme a economia global oscila pelo colapso direcionado pela pandemia, alguns analistas suspeitam que empresas foram varridas por uma chamada de margem global que as forçou a vender seus criptoativos.

“Hoje provou às instituições que comprar bitcoin tem um lado negativo”, tuitou Jimmy Song, educador sobre Bitcoin, em uma tentativa de colocar a culpa nos grandes players.

Alguns analistas suspeitam que empresas foram varridas por uma chamada de margem global que as forçou a vender seus criptoativos (Imagem: Freepik/drobotdean)

Essa ideia é apoiada pela evidência anedótica de corretoras com foco no varejo, em que a estadunidense Coinbase e a britânica CoinCorner relataram que seus livros de ofertas foram se empilhando a favor de compradores, não de vendedores, durante a queda do mercado na semana passada.

Porém, como apontou o economista Alex Kruger na semana anterior às grandes liquidações, os volumes de negociações de futuros de bitcoin na CME já havia “entrado em colapso” antes do pânico realmente começar, sugerindo que empresas já haviam movimentado capital para outro lugar, assim tendo pouca influência no desencadeamento da queda.

Mike Novogratz, “bull” de bitcoin, também não acha que a queda foi direcionada por profissionais. “Empresas não são rápidas o suficiente para venderem dessa forma”, tuitou ele.

“Aquilo foi pânico de venda de pessoas que compraram em margem”, acrescentando que “foi um fracasso alavancado”.

Alguns analistas sugerem que as vendas em massa na corretora BitMEX estavam derrubando o preço (Imagem: Twitter/BitMEX)

O “circuit breaker” da BitMEX

De acordo com Datamish, um total de US$ 618 milhões equivalentes em bitcoin foi perdido em apenas algumas horas conforme negociadores com posições compradas foram comprimidos, resultando nas liquidações em cascata.

A queda foi tão rápida que o preço-base — a diferença de preço entre mercado à vista e de futuros — atingiu US$ 800, sugerindo que as vendas em massa na BitMEX estavam derrubando o preço.

Então, quando a BitMEX de repente saiu do ar, afirmando ter sido um ambíguo “problema de hardware”, a pressão de venda diminuiu e o preço rapidamente se recuperou — fazendo com que negociadores achassem que foi jogo sujo.

Essa poderosa ação de negociação coincidir com a queda de corretoras não é algo incomum nos mercados cripto, fazendo com que críticos falassem que foi manipulação.

Porém, dessa vez foi diferente, de acordo com Sam Bankman-Fried, CEO da FTX, corretora de derivativos adversária.

Infelizmente, o mundo irá sofrer uma dor econômica significativa nos próximos meses (Imagem: Freepik)

Certamente em uma “teoria insana”, Bankman-Fried alega que, em vez de ceder à pressão de negociação, a BitMEX propositalmente desligou seu mecanismo de liquidação para evitar que o bitcoin caísse ainda mais e salvar o fundo de seguros.

Essa teoria foi descartada pela BitMEX no Twitter, mas foi promovida por vários grandes negociadores, como Luke Martin.

Se for verdade, a intervenção da BitMEX poderia ser outro ponto de similaridade entre criptoativos e o debilitado mercado acionário dos EUA, que já passou por mais de um “circuit breaker” (medida regulatória que interrompe temporariamente negociações em uma corretora para refrear o pânico de vendas) nos últimos dias conforme a venda no índice S&P 500 caiu cerca de 7% em uma sessão.

Infelizmente, com uma resposta péssima e atrasada à ameaça do coronavírus pelo Reino Unido e pelos EUA, o mundo irá sofrer uma dor econômica significativa nos próximos meses.