O que acontece com a bolsa quando a Selic cai?
O Comitê de Política Monetária finalmente iniciou o ciclo de queda da Selic, cortando a taxa em 50 pontos-base, para 13,25% ao ano.
Embora tenha sido uma das decisões mais divididas dos últimos tempos – gerando análises bem divergentes por parte dos economistas -, o que realmente importa para mim é: o ciclo de queda da Selic começou – e não deve parar tão cedo. Ponto.
O primeiro motivo está nas múltiplas vitórias que Roberto Campos Neto teve nesse processo: ele conseguiu reancorar as expectativas de inflação ao mesmo tempo que teve que aguentar uma forte pressão do governo Lula, que fez do presidente do Banco Central um de seus principais inimigos neste começo de mandato.
Luis Stuhlberger, gestor do Fundo Verde, disse semana passada num podcast que, pelo clima entre PT e RCN no começo do ano, esperava-se uma crise muito pior entre eles nos dias de hoje. Essa foi uma das coisas que Stuhlberger esperava que acontecesse, mas, felizmente, não ocorreu. RCN aguentou os ataques e hoje a temperatura está bem mais baixa.
Segundo motivo para esperar um longo ciclo da Selic está na própria aritmética da inflação: tendo como base que o Focus projeta IPCA em 3,4% em 2024 e o mercado precifica uma inflação próxima de 4,4%, há uma boa gordura para o juro cair mesmo se a projeção otimista do Focus não tornar-se realidade.
Junto a tudo isso, há a “polêmica” questão dos erros nas projeções dos economistas nos últimos anos – e sempre errando para baixo. Esse assunto tem sido abordado em vários episódios do Market Makers, mas destaco a fala do nosso último convidado, Walter Maciel (CEO da AZ Quest), que explicou neste trecho de oito minutos por que os analistas não conseguem enxergar o que ele chama de melhora estrutural do Brasil.
Em meio a isso tudo, o grande insight que quero compartilhar com todos os 4 leitores desta newsletter é esta imagem abaixo, que me foi apresentada pelo gestor William Leite, da Helius Capital, na semana passada. Ela mostra a performance do Ibovespa num intervalo entre 12 meses antes do início do ciclo de corte de juros e 24 meses depois do ciclo ter iniciado. São 10 ciclos de queda da Selic que tivemos entre 1999 e 2020.
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