O que a XP Investimentos ganha ao entrar no crédito imobiliário? Pouca coisa (mas só por ora)
O IPO do NuBank (NU) na Bolsa de Nova York e o duro comunicado do Copom, que decidiu elevar a Selic para 9,25% ontem (8), mobilizaram a atenção dos investidores, que deram pouca bola para uma parceria estratégica anunciada hoje: a venda de 49,9% da Direto, braço de crédito imobiliário da Direcional (DIRR3), à XP Investimentos.
O objetivo do acordo é criar uma startup ou fintech focada em crédito imobiliário, usando a Direto como veículo de investimentos. Mas, afinal, o que a XP Investimentos ganhará ao entrar num mercado – o de construção civil – conhecido por ser, historicamente, um dos primeiros a retrair, quando a economia vai mal, e um dos últimos a sair do buraco, quando o Brasil volta a crescer?
A resposta mais honesta é: por enquanto, pouca coisa. Mas apenas por enquanto, segundo Bruno Mendonça, do Bradesco BBI, e Wellington Lourenço, da Ágora Investimentos, que publicaram um relatório conjunto sobre o assunto. A dupla considera que a aquisição, para a o porte da XP, é “pequena, mas qualitativamente positiva.”
“Embora a contribuição para as receitas gerais deva ser pequena, pelo menos no curto prazo, acreditamos que a transação deve ser cumulativa do ponto de vista qualitativo”, afirmam os analistas.
Capturando sinergias
Segundo a dupla, pela divisão de tarefas prevista na sociedade com a Direcional, a XP Investimentos ficará encarregada de “estruturar e distribuir soluções de financiamento utilizando sua vasta capilaridade com investidores para o mercado imobiliário.” A gestora também vai ajudar na geração de leads (cadastro com potenciais clientes), na definição de estratégias e no desenvolvimento de ferramentas de tecnologia.
A Ágora e o Bradesco BBI enxergam uma avenida de potenciais negócios para a XP Investimentos, a partir da Direto. Segundo as duas casas, a empresa deve utilizar “seus vastos canais de distribuição para fazer vendas cruzadas de seus produtos.”
Olhando pela ponta do financiamento, outra possibilidade é “capturar fontes de receita adicionais estruturando e distribuindo Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) e outros produtos no mercado de securitização.”
Os analistas acrescentam que duas vantagens adicionais dessa estratégia é eliminar a “necessidade de alavancar seu próprio balanço patrimonial” e transferir os riscos aos investidores.