Coluna do Vicente Guimarães

O que a disparada do Bradesco (BBDC4) ensina para o investidor

12 ago 2024, 12:03 - atualizado em 12 ago 2024, 12:03
Bradesco
(Imagem: Renan Dantas/Money Times)

Recentemente, em uma entrevista para um grande veículo de comunicação, fui questionado sobre o desempenho ruim da Bolsa de Valores brasileira em relação às bolsas de outros países emergentes.

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Entre as várias razões para isso estar acontecendo citei os problemas internos, principalmente políticos, que traziam – e trazem – instabilidade e assustam os investidores estrangeiros que preferem alocar recursos em países desenvolvidos, principalmente os Estados Unidos, por questões de confiança.

Porém, deixei claro que tal problema não deveria ser motivo para os investidores brasileiros entrarem em desespero. Volatilidade da Bolsa de Valores é algo normal.

Será sempre assim e é até bom que seja porque é no sobe e desce das ações que surgem oportunidades. O que as pessoas precisam entender, principalmente aqueles que querem investir no longo prazo, é que jamais devemos escolher um ativo tendo como base apenas a precificação.

A saúde financeira da empresa, seu desempenho no mercado é extremamente importante. Diria que mais importante do que a ação em si.

Tomemos como exemplo os acontecimentos recentes. Nos últimos dias vimos um cenário de turbulência nas bolsas ao redor do mundo. A queda não poupou nem mesmo as criptomoedas, deixando muitos investidores apreensivos. Perto de US$ 2 trilhões em valor de mercado foram eliminados em apenas um dia.

Enquanto isso, a ação de um banco brasileiro que vinha performando mal nos últimos meses, só fez subir. Refiro-me ao Bradesco (BBDC4). Enquanto o mercado global derretia, as ações do segundo maior banco privado do país seguiram na contramão e valorizaram mais de 12%.

Essa alta surpreendente é reflexo de um balanço positivo no segundo trimestre de 2024, quando o Bradesco apresentou um lucro líquido de R$ 4,72 bilhões, superando as expectativas do mercado. No ano anterior, a instituição sentiu o peso da inadimplência recorde no Brasil.

Mas não foi só isso. O banco era um dos maiores credores da Americanas. A fraude contábil da varejista foi um golpe na estratégia do Bradesco, que viu seu lucro encolher em torno de 30% ao longo do ano.

Mas por se tratar de uma companhia sólida, a perda foi equacionada e o banco voltou a lucrar. A margem financeira, que havia encolhido por seis trimestres consecutivos, finalmente reverteu, mostrando sinais sólidos de recuperação. Além disso, o banco demonstrou melhorias em inadimplência e recuperação de crédito, reforçando ainda mais a confiança dos investidores.

A questão é que durante todo esse tempo suas ações estavam desvalorizadas. Ou seja, banco sólido com baixa precificação é igual à oportunidade de lucro. E não só pela valorização da ação, mas também por ser uma instituição pagadora de dividendos. Quem soube fazer essa leitura está se dando bem agora.

O Bradesco era e continua sendo uma empresa robusta e com alto potencial de geração de renda passiva. E a Bolsa de Valores conta com muitas outras companhias em situação semelhante, robustas, boas pagadoras de dividendos e com ações precificadas abaixo do que realmente valem. Basta procurar para encontrar, comprar e lucrar lá na frente.

Retomando a reflexão feita no início deste artigo, é importante ressaltar que o investidor não pode e não deve se assustar com as oscilações das bolsas, seja a brasileira ou as estrangeiras.

Crises nacionais e internacionais sempre vão acontecer e as bolsas sempre apresentarão volatilidade. Nesses casos, ganha dinheiro quem sabe especular para lucrar com o sobe e desce ou quem sabe escolher o ativo certo visando o longo prazo e a renda passiva.

Neste segundo caso, não há segredo, basta alocar os recursos nas empresas mais sólidas listadas na Bolsa. Está aí o Bradesco que não me deixa mentir.