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O que a Cemig precisa fazer para ganhar a confiança dos mercados?

28 ago 2021, 12:13 - atualizado em 28 ago 2021, 12:13
Cemig (CMIG4)
A Ativa tem preço-alvo de R$ 14,50 para as ações, potencial de alta de cerca de 10%, e recomendação neutra (Imagem: Facebook Cemig)

Mesmo apresentando resultados sólidos, a Cemig (CMIG4), considerada uma das melhores empresas do setor elétrico, ainda inspira cautela dos analistas da Ativa Investimentos

De acordo com Ilan Arbetman, que assina o relatório, falta um quê a mais para a companhia ganhar pontos com os mercados.

Entre eles está a venda de ativos, onde se espera maior dificuldade para alienação de sua posição em grandes projetos hidrelétricos, como Belo Monte e Santo Antônio, e a cereja do bolo: privatização ou capitalização. Só que isso se torna cada vez mais difícil diante da aproximação das eleições em 2022.

“Acreditamos que o atual momento da companhia em distribuição já esteja, ao menos em parte, precificado por meio dos múltiplos atuais”, completa.

A Ativa tem preço-alvo de R$ 14,50 para as ações, potencial de alta de cerca de 10%, e recomendação neutra. 

Nome limpo na praça

No que diz respeito aos seus compromissos, Arbetman lembra que a empresa tem feito a lição de casa nos últimos anos. Atualmente, a dívida líquida/Ebitda da estatal está em 0,9x. Em 2018, esse número era de 3,2x.

“A forte geração de caixa tem providenciado um robusto processo de desalavancagem […]. Atualmente, a Cemig dispõe de sólida posição de caixa próxima a R$ 7 bilhões”, completa.

Apesar dos pesares

Mesmo assim, a empresa guarda alguns desafios, aponta Arbetman. Entre eles está:

  • a otimização de alocação de capital por meio dos desinvestimentos;
  • o encontro de oportunidades atrativas em geração renovável;
  • o enquadramento das perdas não técnicas aos níveis regulatórios estimada pela companhia até o ano que vem;
  • a renovação de algumas concessões atual.

“Possível plano de abrir o capital de 25% da Gasmig tem risco de ficar travado por questões políticas e mercadológicas bem como a venda da Taesa (TAEE11), que esbarra no atual momento mais assimétrico do mercado financeiro”, diz.

Outro aspecto que não pode faltar nesta lista, ainda mais por ser uma elétrica, é a crise hídrica. A companhia tem em seu portfólio grandes usinas hidrelétricas, como Belo Monte e Santo Antônio. 

“A relevância da distribuição hidrelétrica em seu mix de geração atual potencializa seu risco hidrológico”, argumenta.

A Gasmig teve um forte crescimento nas vendas de gás, em função do despacho de térmicas e do segmento industrial em recuperação (Imagem: Gasmig/Divulgação)

Faltou chuva? Venda gás

Mesmo assim, a Cemig conseguiu superar a crise hídrica que assola o Brasil e lucrou forte no segundo trimestre. Entre abril e julho, a estatal apurou lucro de R$ 1,94 bilhão, alta de 80% ante mesmo período do ano passado.

A cifra foi puxada por um salto de 112,7% no Ebitda, que mede o resultado operacional, da Cemig GT, para R$ 1,7 bilhão, diante de fatores como um reconhecimento de 910 milhões de reais pelo ressarcimento do risco hidrológico (GSF).

“Acreditamos que a Cemig deva atravessar a crise hídrica com poucas dificuldades, visto que a maior parte do seu resultado é proveniente do segmento de distribuição”, aponta o analista Luis Sales, da Guide Investimentos.

Além disso, ele lembra que a Gasmig teve um forte crescimento nas vendas de gás, em função do despacho de térmicas e do segmento industrial em recuperação. Ao todo, o volume de gás comercializado aumentou 86% ante o ano passado.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.