Economia

O que a ata do Copom revela sobre o futuro da Selic?

26 set 2023, 13:33 - atualizado em 26 set 2023, 13:37
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Copom julga como “pouco provável” uma intensificação adicional do ritmo de cortes da Selic (Imagem: Reuters/Ueslei Marcelino)

O Comitê de Política Monetária (Copom) deixou claro na ata da última reunião, divulgada nesta terça-feira (26), que há pouco espaço para acelerar a flexibilização da política monetária. A autoridade diz que cortes no patamar de 0,50 ponto percentual (p.p.) são apropriados.

Apesar de já esperada, a mensagem foi hawkish (dura), avalia o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi. Isso porque o Copom explicitou, mais uma vez, que são necessários juros restritivos para garantir a reancoragem das expectativas e a consolidação da desinflação.

O comunicado reitera a visão mais cautelosa dos diretores do Banco Central (BC) — o que, segundo o economista, sugere o fim do ciclo de cortes com a Selic próxima de 10% ao ano.

Apesar disso, Borsoi destaca que o Copom deixa em aberto a possibilidade da flexibilização se estender até o patamar dos 9%. “A descrição de cenário está mais equilibrada, com o Copom vendo fatores altistas para Selic como temporários”, afirma.

O especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, Ricardo Jorge, diz que essa dinâmica é mais favorável para uma política monetária menos restritiva. “Esses pontos acabaram norteando a decisão do Banco Central de continuar com o processo de flexibilização monetária. No entanto, eles afirmam que, pelo menos em 2023, não se sentem confortáveis em acelerar o passo dos cortes para 0,75 ponto”, diz.

Com isso, a Selic deve encerrar 2023 a 11,75% ao ano. Jorge ainda destaca que o cenário pode mudar em 2024. “Ano que vem é uma outra situação, a gente precisa ainda avaliar o que vai acontecer daqui para lá, ainda falta muito tempo”, avalia.

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O que o Copom precisa para cortar a Selic em 0,75 pp?

Na ata da última reunião, o Copom ressalta preocupações com o mercado internacional: inflação; mercado de trabalho; e juros. “Tudo isso gera algumas incertezas. O Banco Central também usa isso como referência para ser mais cauteloso na condução de política monetária”, diz Jorge, da Quantzed.

No cenário nacional, os diretores ressaltam os mesmos itens antes mencionados. A atividade segue forte, mas o consumo das famílias desacelera; setor de serviços em processo de estabilização; IPCA vê desaceleração dos núcleos, mas ainda acima da meta.

Segundo o Copom, uma aceleração do ciclo de flexibilização da política monetária exigiria “surpresas positivas substanciais que elevassem ainda mais a confiança na dinâmica desinflacionária prospectiva”.

Essa confiança viria apenas com uma alteração significativa dos fundamentos da dinâmica da inflação. Entre elas estão a reancoragem mais sólida das expectativas, a abertura contundente do hiato do produto ou a dinâmica substancialmente mais benigna do que a esperada da inflação de serviços.

Assim, o Comitê julga como “pouco provável” uma intensificação adicional do ritmo de ajustes.