Economia

O que a ata do Copom diz sobre o futuro da Selic? 2 pontos que podem fazer o ritmo subir para 0,50 p.p.

24 set 2024, 14:36 - atualizado em 24 set 2024, 14:40

A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada na manhã desta terça-feira (24), manteve o tom hawkish já adotado no comunicado e reiterou o modo data dependent. Na semana passada, a autoridade monetária optou elevar a Selic em 0,25 ponto percentual (p.p.), para 10,75% ao ano.

Assim como no comunicado, o Comitê não deu indicação sobre o ritmo e a magnitude total do ciclo de aperto monetário.

Na ata, os diretores esclareceram que concordaram unanimemente que o início do ciclo deveria ser gradual. Isso, segundo especialistas, favorece o acompanhamento diligente dos dados, mas permite que os mecanismos de transmissão da política monetária já comecem a atuar.

Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Rena, diz que o rumo da Selic dependerá da evolução da dinâmica da inflação — em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária –, das projeções de inflação, das expectativas, do hiato do produto e do balanço de riscos.

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Copom vai acelerar as altas da Selic?

Apesar do tom da ata, Goldenstein diz que é prematuro assumir que as preocupações listadas pelo Copom necessariamente levarão a uma aceleração do ritmo para 0,50 p.p. na próxima reunião.

“Além do modo dependente dos dados, o real pode se valorizar mais e, assumindo tudo o mais constante, a projeção cairá à medida que os demais trimestres de 2026 passem a ser incorporados no horizonte relevante da política monetária, pois os efeitos inflacionários da desancoragem das expectativas e da depreciação cambial observada no ano são mais fortes para 2025 do que para 2026”, diz.

Segundo ele, surpresas negativas de atividade e/ou no mercado de trabalho aumentariam de forma relevante a probabilidade de manutenção do ritmo instaurado na última decisão.

“Seguimos com um call de três altas adicionais de 0,25 p.p., levando a Selic para 11,50% em janeiro do próximo ano”, afirma.

No entanto, o estrategista-chefe não descarta a possibilidade de altas maiores. “Reconhecemos que aumentou a possibilidade de um ciclo mais intenso, em particular se a trajetória do real não contribuir para o processo de desinflação e caso os indicadores de atividade e mercado de trabalho continuem a mostrar um forte dinamismo”.