O que a análise de 7 mandatos de Bolsonaro revela?
Uma análise produzida pela XP Investimentos mostra que o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL), líder nas pesquisas de intenções de voto para a Presidência da República, não defende a Segurança Pública da maneira como alarda em entrevistas e suas pautas são, na maioria, corporativistas.
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A preocupação do mercado com relação a qualquer candidato é a seu posicionamento em relação às reformas e à necessária consolidação fiscal, pontua a corretora, e o levantamento, a partir das proposições de Bolsonaro, não é animador.
“Aqui mostramos que Bolsonaro focou em favorecer corporações, com destaque para militares e profissionais de segurança, algumas delas com impacto adverso para o Tesouro. As demais propostas tiveram pouco a ver com temas econômicos e se concentraram em pautas ideológicas – conservadoras em geral”, indica a avaliação.
A equipe do XP Política da corretora observou os discursos e votações nos 7 mandatos na Câmara dos Deputados, ou seja, desde 1991. Ao longo de seus mandatos, Bolsonaro apresentou um total de 640 proposições. Algumas que não são passíveis de avaliação quanto a seu tema e por não representar um posicionamento efetivo do deputado foram excluídas.
“Chama a atenção particularmente que a agenda do candidato Jair Bolsonaro, tão ligada a temas de segurança pública – e sendo ele um deputado do estado do Rio de Janeiro, tenha sido tão pouco representada nas proposições do deputado Bolsonaro”, destaca o relatório.
Segundo a análise, dentre as 435 proposições analisadas, 46% tiveram cunho corporativista. Em seguida, foram 10% de proposições relacionadas a porte de armas, 9% a matérias penais e 5% em contraposição a pautas associadas à esquerda. As demais categorias não atingiram 5 p.p. e outras matérias acumularam 15%.
“Observando as proposições ao longo dos mandatos do deputado, fica claro que sempre privilegiou propostas que beneficiam corporações”, aponta a corretora. O documento cita algumas propostas, como a adoção de horário especial para militares com cônjuge ou filho com deficiência; permissão de voto em trânsito para membros das Forças Armadas; alteração do Código Penal para excluir ilicitude nas ações policiais e; aumento do valor mínimo do auxílio-invalidez aos militares. As propostas em relação ao porte de armas e matérias penais ganharam mais destaque apenas nos mandatos mais recentes.