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Boi gordo pode atingir R$ 400, mas vento favorável deve acabar em 2027 por ‘paralisação fiscal’; entenda

10 abr 2025, 19:53 - atualizado em 10 abr 2025, 19:56
Boi gordo paralisação fiscal
(Foto: Money Times)

O valor da arroba do boi gordo, atualmente em R$ 322 com base no indicador Cepea/Esalq, pode atingir o valor de R$ 400, segundo o economista e pesquisador do Cepea, Thiago Bernardino.

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Esse aumento, de acordo com Bernardino, depende de fatores como dólar, inflação, consumo doméstico, mercado externo e abertura de novos mercados como Coréia do Sul e Japão. “Esse é um cenário para o fim de 2025 ou final de 2026, mas vai depender de todos esses fatores. Ainda tenho dúvidas se o preço pode atingir esse patamar, dado que temos muita oferta”.

O cenário base do Cepea ainda é de algo em torno de R$ 370 – 380 para o boi no final do ano. “Se o boi chegar em R$ 380, com certeza vamos ver negócios em R$ 400, isso por conta de prêmios e garantia de escala. A garantia é de 1% – 2%, o que faz o preço chegar perto desse valor”, disse ao Money Times, em conversa na Tecnoshow Comigo.

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O cenário para o mercado do boi gordo

Em palestra durante o evento sobre o “Panorama da Pecuária de Corte: Cenários e Tendências para os próximos anos”, o pesquisador do Cepea ressaltou que já estamos enfrentando uma virada de ciclo do boi, um momento mais favorável de preços, a partir de uma menor oferta de fêmeas e bezerros.

Quanto ao cenário internacional, Bernardino comenta que a guerra comercial de Donald Trump, a partir das tarifas dos EUA, afeta o câmbio do Brasil, e por consequência, o setor da pecuária.

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Para o momento atual, ele recomenda que o produtor faça o “feijão com arroz” bem feito. “Se vocês ficarem especulando o mercado nesse momento de incerteza, uma hora vocês vão ganhar e na outra vão perder”.

Bernardino reforça que o cenário é muito favorável em termos de alta, por uma junção de questões. “O câmbio entre R$ 5,50 – R$ 6 nos favorece, temos os menores níveis de estoques globais de carne em 20 anos. A taxação dos EUA também nos posiciona em um bom cenário, mas prejudica produtos como o suco de laranja que eles zeraram para o México”.

Fora isso, ele aponta que há uma relação direta entre juros nos EUA e preços da commodities. Um aumento dos juros, resulta em queda nos preços dos produtos, a partir da migração para títulos mais atrativos, enquanto a queda da taxa americana beneficia os preços. “Esse é apenas um dos fatores que afetam os preços”.

A importância da China no mercado de preços dos alimentos

O especialista também explica que a inflação alimentar na China, algo que já aconteceu em anos anteriores, é um importante fator de alta nos preços globais dos alimentos e fertilizantes.

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“Quando a inflação da China sobe, o fertilizante avança no período seguinte, já que a demanda cresce. A China tem um 1,5 bilhão de pessoas, qualquer movimento dela mexe com o mercado. O Trump e a China sabem que qualquer peça que eles mexerem no tabuleiro arrebenta o mercado”.

“A inflação na China está acomodada. Para a soja do Brasil bater R$200,00 de novo, só se um grande player vir comprar muito grãos aqui do Brasil como a China ou Índia, ou se os Estados Unidos tiver um problema gravíssimo. O boi só vai bater R$450,00 quando Japão e Coréia do Sul abrirem o mercado. É muito mais fácil isso na pecuária do que na soja. E necessariamente eu vou puxar o milho, já que 80% do alimento do confinamento é milho”, completa.

O fim do bom momento de preços do boi gordo e risco para o Brasil

O economista reforça que o país está concedendo muito crédito e acredita que caso isso mantenha, junto de uma expansão de gastos, o “Brasil vai parar em 2027”.

“O Brasil está vendendo muito em supermercados, mais do que roupa, mais do que móveis, mais do que carro. Estamos concedendo muito crédito e temos a maior renda dos últimos anos, só perdendo para o período do auxílio emergencial na pandemia. Se o governo não tiver cortes, ele paralisa em 2027”.

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Para a pecuária, ele acredita que o bom momento deve permanecer até 2027.

“Em 2027 entra um novo governo e vai ter que cortar. O bom de 2027 e 2028 é que está na virada do ciclo. O bezerro ainda vai estar muito alto e vai transferir para o boi esse aumento, como foi em 2015 e 2016”.

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Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo. Em 2024 e 2025, ficou entre os 100 jornalistas + Admirados da Imprensa do Agronegócio.
pasquale.salvo@moneytimes.com.br
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