O potencial que o corte de 0,50 pp da Selic pode liberar para o Ibovespa
O Ibovespa (IBOV) deve seguir em tendência de alta após o corte de 0,50 ponto percentual da taxa básica de juros, avaliam analistas. O índice surfa uma maré positiva e acumula valorização de 11% no ano até o fechamento de julho — sendo que, nos últimos quatro meses, fechou em uma sequência de altas.
O analista da Ajax Capital, Rafael Passos, explica que o início da flexibilização da política monetária representa um ciclo mais virtuoso para a B3. “O corte da Selic pressiona as taxas de juros, principalmente as intermediarias, e, consequentemente, leva a uma performance mais positiva da Bolsa”, diz.
Para Passos, essa tendência otimista para o mercado brasileiro deve ser prolongada por um longo período: “até o final de 2024 ou um pouco mais para frente”, diz. O analista afirma que tal cenário deve ser consolidado caso haja melhora na economia dos Estados Unidos, com corte nos juros no primeiro trimestre do próximo ano.
Por outro lado, o analista Beto Assad diz que não ficaria surpreso com uma correção do Ibovespa no curto prazo, mesmo com a diminuição da Selic. Isso porque grande parte da última pernada de alta do índice já precificou o corte da taxa, explica.
“O Ibovespa se encontra em uma importante faixa de resistência perto dos 121 mil pontos, e um aumento de liquidez nessa região pode favorecer a realização de lucros por parte dos comprados”, avalia Assad.
Ainda assim, o analista afirma que a tendência de alta permanece até que apareçam sinais de reversão. O primeiro seria a perda da faixa dos 119.600 pontos, mínima da semana passada, pontua.
Até onde vai a alta do Ibovespa?
De acordo com os analistas, se novas surpresas positivas na inflação surgirem, o Banco Central deve manter uma postura mais ‘dovish‘ — suave. Isso pode pressionar uma queda mais acentuada na taxa de juros e um ciclo mais favorável para o Ibovespa, avalia Passos, da Ajax.
Se o índice mantiver o movimento de alta no curto prazo, aumenta a possibilidade de teste da máxima histórica na região dos 131 mil pontos. O patamar implicaria uma potencial valorização de cerca de 8% para o índice, com base no último fechamento (2).
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Já no longo prazo, assim como no gráfico mensal, o Ibovespa trabalha de forma lateral desde o ano passado, com suporte na faixa de 100 mil pontos e resistência no patamar atual do índice — de 120 mil pontos.
“Se ele conseguir engatar seu quinto mês seguido de valorização, vejo uma boa chance de manutenção do momentum atual, com a possibilidade de teste e até superação da máxima histórica”, diz Assad. Por outro lado, se fechar o mês em queda, gerando um sinal de reversão, aumenta a probabilidade do índice permanecer “de lado” num prazo maior.