AgroTimes

O pivô para o Centro-Sul do mercado internacional do açúcar no ano 2022

10 fev 2022, 10:11 - atualizado em 10 fev 2022, 10:41
Açúcar bruto Agronegócio Commodities
Tendências de preços para o açúcar, em 2022, estão desenhadas praticamente desde novembro passado (Imagem: Reuters/Khalid al-Mousily)

O ano de 2022 mal começou, mas já está praticamente com o roteiro pronto para o comportamento dos preços internacionais do açúcar, principalmente sobre os futuros de Nova York.

Poucos são os vetores que podem modificar este roteiro pronto para o ano de 2022 que começou a ser escrito ainda em novembro do ano anterior, quando a Ásia se recuperava com fortes avanços produtivos na Índia e Tailândia e as chuvas voltavam a se desenhar fortes no Centro-Sul do Brasil.

Um destes poucos vetores é a questão do etanol no mercado físico e a sua depreciada demanda interna que veio a lona ainda em outubro do ano passado, quando começou a apresentar volumes de venda abaixo de 1,3 bilhão de litros ao mês.

O primeiro ponto a evidenciar é a tendência dos preços ao longo de 2022. O atual driver ainda é Março/22 mas este, tal qual a Rainha da Inglaterra, pouco poder tem de formar os preços, dada a iminência de expiração deste ativo logo agora no fim de fevereiro. Neste sentido focamos nossa atenção a segunda tela, Maio/22.

Este ativo atualmente oscila na faixa dos 18 cents, patamar de preço que deve se sustentar somente até o início de março, quando deve cair até a faixa dos 17,50 cents.

De março até maio os preços devem ter um novo recuo, agora até 17 cents diante da proximidade da entrada da safra nova do Centro-Sul do Brasil. Entre o final de maio e meados de junho os preços devem apresentar outro recuo, agora até a 16 cents, diante do incremento da safra 2022/23 do Centro-Sul do Brasil e do alcance da moagem ao ápice neste período.

A problemática da questão do etanol tem ajudado muito na formação deste roteiro, visto que a demora dos postos em repassar na integralidade os recentes movimentos de queda do etanol nas usinas tem gerado dúvidas quanto a capacidade de reação da demanda.

Caso os postos não reduzam ainda mais os preços já baixos das usinas e a competitividade não consiga chegar no mínimo a 68% em São Paulo, a demanda não vai ter condições de se recuperar a patamares mínimos de 1,3 bilhão de litros ao mês e com isto as usinas terão sérias ressalvas em manter um mix médio para o etanol acima de 51%.

Neste caso, quem sofrerá será o açúcar com maior mix a seu favor e maior disponibilidade de oferta consequente deste movimento.

Como dissemos, o etanol é um dos poucos vetores capazes de rasgar este script, visto que [por algum milagre] os postos reduzam de modo significativo os preços nas bombas, e a demanda acorde novamente para volumes de 1,5 bilhão ao litro por mês no Centro-Sul, então o mix para o etanol pode com facilidade avançar sobre a região dos 53% e até mais, reduzindo a produção de açúcar para patamares mínimos de 30 milhões de toneladas e formando um suporte em Nova York juntos aos 16 cents.

Mais uma vez, quem tem a mão cheia na rodada de formação de preços do mercado, é o etanol. Apenas ele é quem dirá se o roteiro já formado para o açúcar ao longo de 2022 será seguido ou não.

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