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O pânico no mercado com circuit breaker em Tóquio e juros internacionais: os temores para financiamentos do agro

08 ago 2024, 16:21 - atualizado em 08 ago 2024, 16:21
fiagros agro
Durante o Congresso da ANDAV, participantes, expositores e congressistas refletiram sobre a pane nos mercados internacionais para o agro (Foto: Mapa)

Nesta quarta-feira (8), durante o Congresso da ANDAV (Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas), durante o lançamento do nosso último livro “Direito do Agronegócio: Gestão e Sustentabilidade no Campo”, os debates sobre o setor agro recaíram sobre os últimos acontecimentos internacionais. 

Entre uma conversa e outra, expositores e congressistas refletiram sobre a terça-feira do circuit breaker ativado na Bolsa de Tóquio, para proteger as cotações do derretimento causado por uma queda de 12,5% em um único dia, que gerou mais incertezas para o agronegócio. 

A gangorra que se seguiu com uma subida abrupta das cotações em nada aliviou o cenário, que ainda respirava preocupações com a escalada dos conflitos no Oriente Médio, expectativas sobre taxas de juros internacionais, além de confirmação da usual ciclotimia interna governamental no Brasil com o velho dilema: cortar ou taxar.

No evento que, aliás, é da mais alta relevância no calendário do agronegócio brasileiro e internacional, e tem sido um sucesso retumbante de público com crescimento estimado de 15% em relação à edição de 2023 – além de diversificação de expositores, palestrantes e de novos players e produtos expostos nos stands.

Apesar do frenesi com a possibilidade de novos negócios, nos “corredores”, dava para  sentir muita preocupação em relação ao cenário interno e internacional entre os presentes, que listaram as seguintes dúvidas:

  • E os preços dos produtos, da soja, milho e outras commodities, como ficarão?
  • E o dólar? 
  • Fiagros ou CRA para estruturar uma operação de captação de recursos privados? O que é melhor?
  • Quando, quanto e como investir para a próxima safra? 

Para o alto e avante!

A despeito das altas de juros futuros, taxas de câmbio e expectativas de baixa nos preços de muitos dos mais importantes produtos agropecuários, presenciamos no evento os stands de muitos bancos, fundos, securitizadoras e agritechs ofertando recursos, novas linhas de crédito e operações financeiras estruturadas ao público, além de novos produtos financeiros. 

Muitas dessas gestoras e players novos “tech” do agro, inclusive, ofertavam consultorias para montagem de Fiagros para o produtor, agroindústria ou revenda/distribuidora de insumos chamarem de “seu”, como uma espécie de reedição de um programa de governo que poderíamos batizar até de: “Meu Fiagro, minha vida”.

Claro, os seus representantes não deixavam de comentar sobre os “solavancos” de crédito no mercado, mas acreditavam piamente na força do setor e, principalmente, dos novos instrumentos e ferramentas de financiamento para fomentar o aumento de produção e assegurar que, dentre tantas incertezas, o agro brasileiro continue a ir bem, obrigado.    

No aguardo da regulação final da CVM para Fiagros 

Com isso, um dos painéis mais aguardados do evento, seria o painel das alternativas de financiamento privado ao setor em que debateram e participaram um dos diretores da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e outras especialistas do setor, como nosso sócio, Ralph Melles Sticca, para tratar de alguns detalhes faltantes dessa regulação.

Tal norma – que está em discussão pela autarquia desde o final do ano de 2021 – é fundamental para que os fundos possam de vez se consolidar o papel para o qual foram criados – de verdadeira ferramenta para carrear maciçamente recursos privados para o fomento do setor – que hoje demanda cerca de R$ 1 trilhão ao ano para o financiamento da produção agropecuária e agro ambiental brasileira.

Na espera por novos desdobramentos

Da parte deste colunista, podemos concluir que entre gangorras, sustos, euforia, vida real e o dia 05 de novembro de 2024 – quando finalmente saberemos o nome do novo mandatário dos EUA – ainda há muita água para rolar por “debaixo da ponte”, fazendo com que o gestor dos negócios no agro, precise de paciência, “canja de galinha” e muito suco de maracujá para arrefecer os ânimos e tomar as decisões corretas para o financiamento de suas atividades neste segundo semestre de 2024 visando a safra 24/25.

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André Ricardo Passos de Souza, é sócio-fundador do PSAA - Passos e Sticca Advogados Associados -, com MBA em Finanças e Mercado de Capitais pela MP Consultoria/Banco BBM, LLM em Direito do Mercado Financeiro e de Capitais pelo IBMEC, bacharel em direito pela UERJ. Professor nos programas de pós-graduação da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Conselheiro Fiscal da Beneficência Portuguesa de São Paulo.
andre.passos@moneytimes.com.br
André Ricardo Passos de Souza, é sócio-fundador do PSAA - Passos e Sticca Advogados Associados -, com MBA em Finanças e Mercado de Capitais pela MP Consultoria/Banco BBM, LLM em Direito do Mercado Financeiro e de Capitais pelo IBMEC, bacharel em direito pela UERJ. Professor nos programas de pós-graduação da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Conselheiro Fiscal da Beneficência Portuguesa de São Paulo.
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