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Petrobras (PETR4): O pacotão de R$ 40 bi do governo que pode respingar na ação

03 jun 2025, 17:02 - atualizado em 03 jun 2025, 17:40
Petrobras
Na visão da Ativa, a Petrobras é a companhia mais exposta ao pacote (Imagem: IStock/wsfurlan)

Não bastasse a volatilidade no preço do petróleo, outro fator pode pesar sobre as ações da Petrobras (PETR4), segundo analistas.

Em busca de novas receitas, o governo anunciou um pacote de medidas voltado ao setor de óleo e gás, com potencial arrecadatório estimado em até R$ 40 bilhões ao longo de 2025 e 2026.

As propostas envolvem alterações tributárias, ajustes regulatórios e monetização de ativos da União.

Por ora, as negociações estão em estágio preliminar e precisarão passar pelo Congresso Nacional, que tem se mostrado resistente a aumentos de tributos — como demonstrado no caso recente do IOF.

Segundo análise da Ativa Investimentos, medidas com esse perfil costumam afetar negativamente o fluxo de caixa, o apelo do setor e o valuation das companhias, em especial da Petrobras.

Nesta terça-feira (3), o papel preferencial da companhia, negociada sob o ticker PETR4, encerrou a sessão com queda 0,26%, cotado a R$ 30,18.



“Entendemos que a execução integral dos termos propostos tende a encontrar resistência institucional e empresarial, como ocorreu com o projeto de lei que propunha imposto sobre exportação de petróleo em 2023 — e que, na prática, durou apenas quatro meses”, aponta a casa.

A Ativa também critica a adoção de medidas fiscais sem diálogo amplo com o setor, o que prejudica a previsibilidade regulatória de uma das áreas mais estratégicas para o crescimento do país.

“Há risco de inibição de investimentos e externalidades negativas superiores ao ganho fiscal almejado.”

Reação do setor

O Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), principal entidade representativa da indústria, divulgou nota em que lembra que o setor já é altamente tributado: de cada três barris produzidos no Brasil, dois são destinados ao pagamento de tributos, taxas e encargos específicos.

“Nesse contexto, o IBP entende que algumas medidas podem ser consideradas para gerar receitas, desde que respaldadas pela legalidade e previsibilidade”, afirmou.

Entretanto, o instituto alerta para propostas mais drásticas, como a mudança nas alíquotas de participação especial de contratos vigentes ou a revisão do preço de referência, que, sem respaldo legal adequado, comprometem a segurança jurídica dos contratos e o ambiente de negócios.

A exposição da Petrobras

Na visão da Ativa, a Petrobras é a companhia mais exposta ao pacote — tanto pela magnitude financeira quanto pela centralidade dos ativos afetados.

“Parte das medidas envolve campos onde a Petrobras é operadora majoritária ou única”.

Além disso, lembra a Ativa, espera-se que a empresa participe dos leilões de áreas não contratadas, como Mero, Tupi e Atapu.

“Isso pode significar aumento de capex, redução do fluxo de caixa livre e menores proventos para acionistas — tanto minoritários quanto o próprio governo.”

BTG também vê impacto concentrado na estatal

O BTG Pactual também considera a Petrobras a mais afetada. O banco estima que o governo espera arrecadar R$ 9 bilhões extras apenas com mudanças nas participações especiais — e, dado o peso da estatal em áreas altamente produtivas, ela deve arcar com boa parte dessa conta.

Para outras empresas do setor:

  • Prio (PRIO3): Pode ser moderadamente impactada, principalmente pela exposição aos campos de Wahoo e Peregrino.
  • Brava (BRAV3): Pode sentir algum efeito à medida que Atlanta avança em sua curva de produção.
  • PetroReconcavo (RECV3): Devido ao perfil de produção menor e concentrada em terra, tende a ser menos afetada.

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Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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