O destino de Roberto Campos Neto após sair do Banco do Central
De malas prontas para sair da presidência do Banco Central após 6 anos, Roberto Campos Neto deverá trabalhar na iniciativa privada, rejeitando convite para assumir a secretaria da Fazenda da Prefeitura de São Paulo, segundo informações do Poder 360.
Campos Neto teria declinado do convite feito por Ricardo Nunes (MDB), que foi reeleito prefeito e está montando sua equipe de governo.
Ainda segundo informações do site, Campos Neto e Nunes tiveram uma longa conversa durante 2023. O convite teria sido feito antes mesmo do início da campanha eleitoral.
Ao Globo, o secretário de Governo, Edson Aparecido (MDB), disse que Campos Neto tem projeto para trabalhar fora do país ainda no primeiro semestre deste ano.
“Ele agradeceu muito a lembrança e o convite, disse que seria uma honra estar à frente da Fazenda da maior cidade da América Latina, mas ele já tem um projeto”, afirmou.
Nas suas redes sociais, Nunes confirmou a permanência de Luis Felipe Vidal Arellano como secretário da Fazenda.
Agora, Campos Neto terá um período sabático de 6 meses e não poderá trabalhar em bancos, o que não o impediria de trabalhar no setor público.
Indicado por Jair Bolsonaro, Campos Neto assumiu o comando do BC em 2019.
Liderou a implementação do Pix, sistema de pagamentos instantâneos que revolucionou as transações financeiras no Brasil, e deu continuidade à agenda de modernização do mercado financeiro, conhecida como Agenda BC.
Campos Neto também enfrentou cenários extremos, como a pandemia de Covid-19, que demandou cortes expressivos na taxa Selic, levando-a ao piso histórico de 2% em 2020, para estimular a economia.
Posteriormente, coordenou uma política monetária mais restritiva, elevando a Selic a 13,75% para controlar a inflação.
Live de despedida
Em sua despedida do BC, disse que o processo de transição de comando demonstra que a característica técnica da autoridade monetária permanece.
Neto disse que a autonomia formal do BC foi um ganho e colocou a instituição à frente de pessoas, ideologias, governos e do tempo da política.
Defensor de que o status da autarquia avance para uma autonomia financeira, além da operacional, ele avaliou que a evolução dessa discussão não está concluída.
“Acho que para ter uma blindagem melhor (contra intervenções políticas), precisa ter autonomia financeira e administrativa. A gente caminhou muito no sentido da blindagem, mas precisamos avançar um pouco mais”, disse.
O atual presidente do BC atuou pessoalmente pela aprovação de uma proposta que concede autonomia financeira à autoridade monetária. No entanto, diante de resistências do governo, o texto não avançou no Legislativo.
Com Reuters