O motivo por trás da disparada das ações domésticas no Ibovespa, segundo o Bradesco Asset

O bom desempenho do Ibovespa (IBOV) no acumulado do ano tem por trás a forte alta das ações domésticas. Cogna (COGN3), Assaí (ASAI3) e CVC (CVCB3), por exemplo, figuram como os papéis com melhor desempenho do índice desde janeiro, com valorização de mais de 100%.
Para Rodrigo Santoro Geraldes, head de equities da Bradesco Asset Management (BRAM), esse movimento é explicado pela expectativa de fim do ciclo de aperto monetário no Brasil, além de uma recuperação das fortes perdas em 2024.
“Os papéis ligados à economia doméstica sofreram muito com o estresse da curva de juros, principalmente, no final do ano passado e, agora, temos uma reversão desse movimento”, afirmou Santoro em entrevista ao Money Times.
As ações mais sensíveis ao consumo também são beneficiadas por ajustes nas carteiras dos investidores. “Temos visto uma rotation de empresas de commodities para os domésticos com a perspectiva de juros de um lado, e câmbio e preços de commodities mais fracos do outro.”
Onde investir
Na visão do gestor da BRAM, algumas empresas domésticas têm se destacado na bolsa de valores com descontos “relevantes” considerando o histórico das ações.
Uma dessas companhias é a Localiza (RENT3). “A companhia vem melhorando trimestre a trimestre e tem uma dinâmica competitiva muito favorável no nível de alavancagem em relação aos concorrentes e na necessidade de repasse de preço”, afirmou Santoro.
No setor de construção, a BRAM segue otimista com o segmento de baixa renda e a principal recomendação é a Cury (CURY3). “A gente continua vendo um cenário positivo [para a companhia] com a perspectiva de queda nos juros”.
Já no varejo alimentar, a gestora tem preferência pelo Grupo Mateus (GMAT3). “É uma empresa que consegue alocar capital com um bom retorno e ainda vê um espaço grande para crescimento nessa alocação de capital, dado todas as vantagens competitivas dele”, disse o executivo.
No setor de Utilities, os destaques são Sabesp (SBSP3) e Copasa (CSMG3).
Em relação à companhia de saneamento básico de São Paulo, a gestora vê oportunidades em novas URAEs (Unidade Regional de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário), principalmente, voltadas para drenagem. Santoro ainda não descarta a aquisição de outras concessões até mesmo fora do Estado paulista.
Copasa também é considerada um “bom carrego” com pagamento de bons dividendos e uma melhora operacional. “Também tem uma possibilidade de privatização para o ano que vem, com o governo do estado de Minas aderindo ao Propag. Então, a gente vê uma simetria positiva” para o papel, afirmou Rodrigo Santoro.
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Os pesos-pesados do Ibovespa
No setor de bancos, que representa cerca de 20% da carteira teórica do Ibovespa, a Bradesco Asset tem preferência por BTG Pactual (BPAC11). “Na nossa visão é um banco que aloca muito bem capital e tem um espaço para crescer”, disse o gestor.
E as commodities?
Com o enfraquecimento dos preços das commodities, a gestora tem adotado uma visão mais cautelosa com o setor.
“Nossa perspectiva é de preços mais fracos tanto de minério de ferro como de petróleo”, com um desbalanceamento entre a oferta e demanda, principalmente no final do ano, disse Santoro.
Entre as ações do setor, a BRAM vê com bons olhos os papéis da Prio (PRIO3). “É claro que o preço do petróleo é importante para a companhia, mas a gente tem visto gatilhos positivos para os resultados [da empresa] do lado micro como a integração do Campo de Peregrino”, disse Santoro.
“Em algum momento, a companhia também deve ter a liberação das licenças para avançar com a operação de Wahoo”, acrescentou.
A gestora também mantém uma visão negativa com os preços de celulose. “A gente tem visto uma oferta maior do que o esperado vindo da China.”