Michel Temer

O momento Itamar Franco de Michel Temer

05 mar 2018, 23:43 - atualizado em 05 mar 2018, 23:49
“Permita-me, antes de ler o compromisso, que entregue a Vossa Excelência a minha declaração de bens”

“Sr. Presidente. Permita-me, antes de ler o compromisso, que entregue a Vossa Excelência a minha declaração de bens” (veja vídeo abaixo). Foi desta forma, em 29 de dezembro de 1992, que Itamar Franco tomava posse como o presidente da República diante do Congresso Nacional após a renúncia de Fernando Collor em meio ao processo de impeachment.

O gesto de Itamar não fazia parte do protocolo, mas foi simbólico sobre a legitimidade que o político mineiro, alçado à presidência, buscava da sociedade em 1993. Até agora, Michel Temer teve que defender a sua honra apenas quando foi solicitado, nunca espontaneamente como Franco.

Em outubro do ano passado, a Câmara dos Deputados o livrou de uma denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), que o acusava de organização criminosa e obstrução de Justiça com o intuito de arrecadar propinas, estimadas em R$ 587 milhões.

Foram 251 votos contrários à autorização para investigação, 233 votos favoráveis e duas abstenções. O processo ficou, assim, parado enquanto Temer estiver no exercício do mandato de presidente da República, ou seja, até 31 de dezembro de 2018.

Temer, agora, se vê em uma situação muito parecida com a do sucessor de Fernando Collor. Ao contrário de Itamar, entretanto, quem vai tornar público o que tem em seu paletó não será ele próprio, mas o STF (Supremo Tribunal Federal).

O ministro Luís Roberto Barroso autorizou a quebra do sigilo bancário de Temer em uma investigação sobre o suposto favorecimento da empresa Rodrimar S/A por meio da edição do chamado Decreto dos Portos, assinado em maio do ano passado.

“O presidente Michel Temer solicitará ao Banco Central os extratos de suas contas bancárias referentes ao período mencionado hoje no despacho do iminente ministro Luís Roberto Barroso. E dará à imprensa total acesso a esses documentos”, disse o Palácio do Planalto.

O seu braço direito Carlos Marun, ministro da Secretaria de Governo, destacou que o presidente “não tem nada a esconder, mas encontra-se contrariado, e indignado até”. Agora é hora de Temer mostrar o quem tem dentro do seu paletó.

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