O milho está mais caro: Saiba o impacto na SLC, BRF e JBS
A alta dos preços do milho, como reflexo da queda de produção nos Estados Unidos, pode afetar diretamente os resultados das empresas de agronegócio na Bolsa, avalia o Bradesco em um relatório enviado a clientes.
Os analistas Leandro Fontanesi e Ricardo França contam que a produção pode cair mais 9% em relação ao relatório mais recente publicado pela USDA – Departamento de Agricultura dos EUA – e a proporção entre estoque para uso chegaria a 4% (contra 14% da última análise). Os números forma colhidos em uma reunião com os estrategistas da casa especializada BCA Research.
Soja
Para a soja, é esperado que o rendimento da colheita para a safra 2019/2020 caia de 49 buschels/acre (contra 49,5 atualmente). Um buschel de soja representa 27,2 kg. Esta menor produtividade, argumenta a BCA, pode ser compensada por um aumento da área plantada.
Segundo os analistas americanos, existe uma probabilidade de apenas 32% para um acordo comercial entre EUA-China até novembro de 2020. Este cenário pode continuar a pressionar as exportações do país.
A peste suína africana também tem o seu papel. A menor produção de suínos na China não deve ser compensada pelo aumento de produção, no país, de outros tipos de proteína. É mais um fator que joga contra os preços da oleaginosa.
Impacto nas ações
“Acreditamos que os preços do milho podem subir ainda mais se o cenário da BCA se materializar (um corte de 9% na produção de milho nos EUA em 2019/2020 em comparação com o relatório de junho do USDA), o que pode representar um risco negativo para os nomes de nossa cobertura”, indicam Fontanesi e França.
Para eles, a SLC (SLCE3) teria um benefício limitado, já que o milho responde por apenas 1% do Ebitda, medida de lucro operacional, da companhia. A recomendação para a ação é de venda, com preço-alvo de R$ 16.
Em proteína animal, o Bradesco estima um baixo risco para a lucratividade para o segundo semestre do ano. Isso acontece porque existe um atraso de seis a oito meses para que os grãos sejam refletidos nos resultados (baseados no ciclo frango/carne suína e na capacidade de armazenamento de grãos).
O banco, entretanto, continua preocupado com o impacto potencial de preços mais altos do milho em 2020. “Em uma análise de sensibilidade, supondo que os preços do milho subam mais 10% nos EUA e no Brasil, e permaneçam nesse patamar até o final de 2020, reduziríamos nosso Ebitda para 2020 em 9% para a BRF e 11% para a JBS”, explicam.
O efeito para a JBS é mais elevado por conta da maior exposição aos EUA. A preferência no setor é pela BRF (BRFS3), com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 35. Para a JBS (JBSS3), a indicação é neutra, com preço-alvo de R$ 19.