O mercado não está para peixe: 3 motivos que levaram o JPMorgan a rebaixar ações do Brasil
O JPMorgan se juntou a outros bancos, como o Morgan Stanley, e rebaixou as ações do Brasil para neutro. Na América Latina, o México é o favorito do bancão.
De acordo com os analistas, o problema é a China, maior parceiro comercial brasileiro. O crescimento
mais lento da potência pode ter impactos no Brasil por meio de preços mais baixos de commodities e prejudicar os fluxos de investimentos para o país.
Um lado positivo, porém, é que as tarifas prometidas pelo presidente Donald Trump podem fazer com que a China eleve as importações do Brasil, considerando que o Brasil e os EUA são grandes produtores das mesmas commodities, como soja, milho e carne bovina.
Por outro lado, o JP diz que os EUA forte é bom para o México.
“O bom crescimento dos EUA continua a apoiar os consumidores mexicanos por meio de remessas, ao mesmo tempo em que um México mais fraco aumenta o poder de compra desses dólares. Além disso, há uma correlação bastante alta entre a produção industrial mexicana e americana”.
O índice MSCI que reúne empresas do Brasil acumula queda de 23% desde o começo do ano. Isso se compara um ganho de mais de 6% do MSCI mais amplo de mercados emergentes.
Selic mais alta
O JP diz que o aperto monetário no Brasil deve durar pelo menos até o primeiro semestre de 2025, o que bate nas ações. Em outros ciclos de alta, nenhum setor teve desempenho positivo.
“A única exceção é o período entre 2003 e 2005, quando o Brasil estava apertando em meio a um super ciclo de commodities e boas políticas do governo Lula naquela época”, diz.
Nos cálculos do JP, o BC deve continuar a aumentar as taxas até maio de 2025, levando-as de 10,5% no início do ciclo para 13%.
No México, espera-se que o banco central continue a aliviar mais 125bp, levando as taxas para 9% até maio de 2025.
O México merece o benefício da dúvida, já o Brasil…
Segundo o banco, desde que o México se tornou grau de investimento no início dos anos 2000, a política econômica tem funcionado como um relógio, com exceção do último ano da administração Andrés Manuel López Obrador
“Assim, damos ao México o benefício da dúvida, mas monitoraremos de perto os desenvolvimentos, especialmente no lado da reforma institucional, que continua sendo o risco principal em nossa visão”.
No Brasil, por outro lado, durante os últimos dois anos, o mercado tem tido surtos de preocupação com o fiscal. Então, o governo faz algo para apaziguar a dor até que uma nova manchete atinja o fiscal novamente e algo mais precise acontecer.
Nesta quinta, por exemplo, está previsto para ocorrer um novo anúncio de corte de gastos, que pode superar R$ 70 bilhões.
“Embora possa haver um esforço para manter o controle sobre as despesas, hoje é uma proposta muito difícil, considerando a falta de apoio geral na administração para um ajuste no lado dos gastos e as rigidezes apresentadas pelo próprio orçamento”.
Neste ponto, o JP diz ser ambicioso esperar mudanças estruturais que permitiriam a estabilização da dívida no futuro previsível. Além disso, essas mudanças provavelmente precisam da aprovação do Congresso, “algo que achamos que seria difícil nesta época do ano”.
“E quando qualquer coisa for provavelmente aprovada, o esforço provavelmente será diluído”, conclui.