O medo que a inflação está impulsionando o ouro e o bitcoin pode ser exagerado
Se você não consegue entender rapidamente o que está acontecendo em determinado setor do mercado, você pode basicamente colocar a culpa na inflação e ninguém vai discordar.
Preocupações quase onipresentes de investidores sobre a inflação estão conectadas ao ímpeto nos ativos que variam entre o bitcoin e o ouro para valores mobiliários protegidos pela inflação do Tesouro — em que todos passaram por um forte 2020.
Observando os Programas de Investimento do Tesouro (TIPs), a demanda por tais títulos entre investidores preocupados com a inflação aumentou, fazendo com que seus rendimentos se aproximassem de baixas recordes algumas vezes, segundo o Financial Times.
Já em relação ao bitcoin, a MicroStrategy, listada na Nasdaq, anunciou hoje (11) que iria comprar a criptomoeda como parte de sua estratégia de alocação de capital.
A principal explicação do porquê investidores e empresas estão preocupados com a inflação é a crescente dívida governamental e a abordagem agressiva de bancos centrais em todo o mundo para reprimir o impacto da COVID-19.
EUA enfraquecidos também poderia pôr lenha à fogueira inflacionária. Contra o euro, as verdinhas caíram mais de 4% no último mês.
Ainda assim, a inflação está caindo desde o início da pandemia. Isso apesar de alguns receios iniciais de que dinâmicas únicas de uma pandemia resultariam em mais disrupções significativas de negociação e desaceleração prolongada de produção.
“Mas esses choques de oferta possivelmente inflacionários não equivalem à da indústria alimentícia e pressões de custo relacionadas à pandemia provavelmente não impulsionam a inflação de forma significativa”, acrescentou o artigo.
Enquanto isso, o medidor de inflação das despesas de consumo pessoal (PCE) do Federal Reserve caiu para 1,7% — abaixo do alvo de 2% do banco central. É claro que grande parte dos investidores não está preocupada sobre a inflação neste momento. O medo virá no futuro, em alguma junção ambígua.
Mas a alta no desemprego pode afastar um aumento na inflação, segundo o Goldman Sachs.
“A taxa de desemprego dos EUA permanece em dezenas apesar de um rápido declínio nos últimos meses, e amplas medidas de desaceleração do mercado de trabalho estão ainda mais elevadas”, disse o banco.
Um período sustentado de alto desemprego deve manter os salários comprimidos que, por sua vez, devem evitar que a inflação suba rapidamente. O banco espera que o desemprego caia para 9% até o fim de 2020. Se uma vacina for desenvolvida em 2021, o banco espera que a taxa caia para 6,5%.
“Mas é provável que a recuperação seja um processo mais gradual após isso e não esperamos que a economia acabe completamente com o desemprego até 2025”, disse o banco.
“A um alto nível, esse é o principal motivo pelo qual esperamos que a inflação se mantenha leve nos próximos anos.”
Mas e o risco de inflação após 2021? Bom, Goldman Sachs continuou a dizer que conectar “impressão de dinheiro” e inflação em um mundo pós-2008 não faz sentido:
Mas alguns investidores temem que essas políticas vão resultar em níveis mais altos e indesejáveis de inflação, uma preocupação que discutimos bastante recentemente.
Não achamos que receios que o próprio balanço patrimonial causará uma alta inflação — medo com base em confusão sobre terminologias como “emissão de dinheiro” e “monetização de dívidas” — faça sentido no ambiente pós-2008 em que o Fed tem a autoridade de pagar juros sobre reservas e, assim, possa manter controle sobre taxas de juros, a economia e a inflação, independente do balanço ser grande ou pequeno.
Para que esses receios falam sentido, é preciso uma história sobre por que funcionários do Fed escolheram não limitar a futura inflação.