Comprar ou vender?

O jogo virou para Vale (VALE3)? Analistas chamam atenção para reversão de ‘posição vendida’ do mercado

25 jul 2023, 18:47 - atualizado em 25 jul 2023, 18:47
Vale
Vale engatou seu quarto pregão seguido no azul (Imagem: Reuters/Denis Balibouse)

A Vale (VALE3) ensaia uma recuperação na Bolsa, após despencar mais de 20% no primeiro semestre do ano. A mineradora engatou seu quarto pregão seguido no azul e seu segundo dia consecutivo em forte alta, mesmo com a volatilidade nos preços do minério de ferro.

O movimento contraria a posição “vendida” do mercado para a Vale. O que se tem visto, destaca o BTG Pactual, é uma busca maior por ativos que se beneficiam mais com taxas de juros mais baixas – ou seja, ações cíclicas domésticas.

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Mercado “vendido”

Nesta terça-feira, investidores repercutiram os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação e um indicativo do que esperar por parte do Banco Central (BC) em relação aos juros brasileiros.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o indicador desacelerou a -0,07% em julho, vindo melhor que a mediana das projeções de mercado, que estimavam deflação de 0,01%.

Com a melhora do cenário inflacionário, investidores da B3 esperam o tão aguardado início do afrouxamento monetário. O mercado está confiante de que a Selic começará a cair na próxima reunião em agosto, com as apostas se dividindo entre queda de 0,25 ponto percentual e 0,50 ponto percentual.

Isso, somado às tendências de preços de commodities negativas desde o rali no início do ano, desencadeou revisões de lucros para baixo, tornando Vale um dos nomes afetados.

Como se não bastasse, a China tem limitado o interesse dos investidores pela tese da companhia.

Luz no fim do túnel

O BTG acredita que o pior momento operacional da Vale ficou para trás. Na avaliação do banco, os volumes de minério de ferro devem se recuperar gradualmente à frente, após o fundo que foi o primeiro trimestre do ano.

“Os custos caixa C1 devem reduzir de US$ 25-26/tonelada para US$ 20-22/tonelada até final do ano, o mix de produtos deve melhorar (Carajás & Brucutu devem ajudar) e a questão da participação em metais básicos deve ser finalmente anunciada”, diz o time de análise do banco.

Na avaliação do BTG, os fatores citados acima devem reverter gradativamente a “crise de confiança” que tem empurrado as ações para baixo.

“Para os investidores comprados/vendidos, continuamos a recomendar a posição comprada em Vale e vendida (short) em Bradespar (BRAP4), com a holding negociando com um desconto inexplicavelmente baixo para NAV (valor patrimonial líquido, traduzido para o português) de 8%”, comentam os analistas.

Além de Vale, o BTG tem recomendação de compra para a Gerdau (GGBR4). Segundo o banco, as ações da empresa siderúrgica não precificam ainda um “elevado potencial de yield (rendimento) no ano”.

Considerando Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 15-16 bilhões para 2023 (-33% ano a ano), a Gerdau poderia entregar retornos de caixa de aproximadamente 15%, diz a instituição.

Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
diana.cheng@moneytimes.com.br
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.