O jogo virou: Em 2022, Cielo (CIEL3) sobe 57% e Stone (STNE) derrete 58%; o que esperar agora?
Comprar Cielo (CIEL3) ou Stone (STNE)? Se fizéssemos essa pergunta até 2021, a resposta de muitos investidores seria óbvia.
Enquanto a gigante controlada pelo Banco do Brasil (BBAS3) e Bradesco (BBDC4) vinha perdendo importante parcela de participação de mercado entre as maquininhas, a Stone surgia com a promessa de desbancar a líder em alguns anos, contando com a tecnologia como seu trunfo. Era uma questão de tempo, previam alguns.
No entanto, pelo menos neste ano, quem investiu na Cielo saiu no lucro, com alta de 57%. Já o investidor da Stone (STNE) perdeu 58%. PagSeguro (PAGS) segue a mesma trilha, com queda de 55% do valor da ação, de acordo com o fechamento da última sexta-feira (22).
Ocorre que o momento do mercado mudou. Stone e PagSeguro viveram períodos de euforia – provocados, justamente, pelas boas perspectivas das empresas techs.
Depois veio o choque de realidade, a inflação disparou no Brasil e no mundo e os bancos centrais começaram a elevar os juros, o que deixou essas empresas bem menos atraentes.
Para se ter uma noção do estrago, em 19 de fevereiro de 2021, quando alcançou o seu pico, o preço da ação da Stone estava em US$ 92,34. O papel fechou a última sexta negociado a US$ 9,28, queda brutal de 90% no período.
Já a Cielo vem perdendo valor de mercado desde 2018, quando a “guerra das maquininhas” ganhou força. A partir de então, o papel entrou em queda livre até atingir sua mínima, em meados de janeiro de 2022.
Nessa mesma época, analistas já afirmavam que a ação havia chegado ao fundo do poço, ou seja, estava com desconto excessivo. Além disso, vieram outros gatilhos, como bons resultados do quarto trimestre e venda de subsidiárias deficitárias no exterior.
A grande questão que se coloca agora é: a Cielo tem força para manter as ações em alta?
Cielo, o pior já passou?
No geral, analistas continuam céticos quanto ao poder de fogo da Cielo. Segundo levantamento da Reuters, entre 12 corretoras e bancos, 10 possuem recomendação neutra, duas recomendam venda dos papéis e nenhuma possui recomendação de compra. O preço médio do consenso aponta para R$ 3,24.
Em entrevista ao Money Times, João Julio Matos, especialista do setor de pagamentos da Helius Capital, afirma que, no momento, não há muitos motivos para a ação cair porque já está barata.
“Nos últimos trimestres, a Cielo vem apresentando um resultado um pouco melhor. Vimos no quarto trimestre despesas caindo. Isso mostra que a empresa está com controle de custos bom. ”, argumenta.
Outro ponto de dificuldade diz respeito às tarifas: a alta da taxa dos juros básicos (Selic) empurra o custo de capital (funding) para cima. Apesar disso, o analista afirma que as empresas como Stone, PagSeguro e Getnet (GETT11), até o momento, tem conseguido repassar esses custos.
“Isso mostra que o setor está um pouco mais racional e menos competitivo. Esse foi um dos principais motivos para a ação da Cielo ter disparado”, coloca.
Luz no fim do túnel da Cielo
É verdade que a disparada da Selic prejudica a economia como um todo. Porém, as pequenas empresas de adquirência devem sofrer mais, explica Matos.
“Como o custo de capital subiu, elas podem ter mais dificuldade de liquidez. Isso pode ajudar empresas maiores”, completa.
O especialista argumenta ainda que, apesar de sua participação de mercado estar encolhendo desde 2016, a velocidade de perda da Cielo está diminuindo.
Que venha o primeiro trimestre
Para o primeiro trimestre, analistas do Safra esperam bons resultados, com o lucro líquido subindo 38% no ano, para R$ 188 milhões.
Além disso, o banco prevê ótimos números no volume total de pagamentos e uma baixa pressão nos preços. “Tal expectativa deve levar a receita líquida da Cielo a avançar 7,5% no ano”, diz.
Já o Ebitda, que mede o resultado operacional, pode crescer ainda mais (11,9% no ano a ano), “pois esperamos alguns efeitos positivos de seu bom controle de custos e aumento da “receba rápido”.
Por outro lado, os resultados financeiros (mais uma vez em nível negativo) deve continuar a pesar no resultado da Cielo, ainda em função do nível de juros e do aumento do volume do produto de pré-pagamento, explicam.
A Cielo divulga seus números no dia 3 de maio.
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