O inverno sem fim para IRB (IRBR3). De quem é a culpa e quando vai mudar?
A vida realmente não está fácil para os investidores de IRB Brasil (IRBR3). Desde que as polêmicas envolvendo balanços fraudados da empresa vieram à tona, as ações não conseguiram mostrar nenhum sinal mais consistente de recuperação.
Entre sua máxima histórica, alcançada em janeiro de 2020, e sua mínima feita neste ano, a desvalorização foi de 95,41%. E durante todo esse movimento de queda, foram poucas as vezes que o ativo deu alguma sinalização de que poderia reverter sua tendência.
E se os investidores esperavam que a divulgação do balanço do segundo trimestre deste ano trouxesse algum alento, a decepção deve ter sido grande. Divulgado no dia 16 de agosto, o balanço foi mais uma ducha de água fria ao apresentar resultados bem ruins no período.
A empresa reportou um prejuízo líquido de R$ 373,3 milhões, 80,4% maior do que o registrado no mesmo período de 2021.
E uma das justificativas para o resultado pior do que o esperado foi o clima. Segundo a reasseguradora, os efeitos climáticos impactaram de maneira significativa os contratos de riscos rurais.
O que está dando errado?
A seca histórica que afetou a região Sul elevou o índice de sinistralidade a 124%, de acordo com o CEO da empresa, Raphael de Carvalho. Segundo o executivo, em condições normais, esse índice seria de 89%. Ou seja, sobrou até para São Pedro no resultado ruim do trimestre.
Mas se já não bastasse a “tempestade perfeita” que a empresa enfrenta, um novo problema apareceu para dar um pouco mais de dor de cabeça a gestores e acionistas.
O Patrimônio Líquido Ajustado (PLA) da companhia ficou abaixo do limite estabelecido pela Susep, a Superintendência de Seguros Privados.
O montante alcançou apenas 64% do exigido, faltando um valor na casa de R$ 614 milhões. Além disso, também houve desenquadramento na Cobertura de Provisões Técnicas no valor de R$ 730 milhões.
Com isso, a empresa corre agora contra o tempo para reforçar seu caixa e regularizar a situação. Ela tem até outubro para aumentar a cobertura de provisões e 18 meses para regularizar a situação do PLA.
Possíveis soluções
Algumas opções já foram colocadas à mesa pelos gestores, como uma nova oferta de ações, venda de imóveis e algumas operações estruturadas.
Mas a primeira opção, a de se aumentar o capital da empresa fazendo um follow-on de ações, é a mais provável e a que deve realmente fortalecer as finanças da companhia.
Para os investidores minoritários, isso pode soar como uma péssima notícia, já que aumenta a chance deles serem “diluídos” nesse processo.
Afinal de contas, no meio de uma desvalorização poderosa das ações da empresa, não são todas as pessoas que possuem recursos (ou estômago) para continuar comprando durante todo o movimento de queda. Nem todo mundo tem a carteira do tamanho de Luiz Barsi.
Ele, inclusive, continua reclamando que a queda das ações acontece basicamente pela grande quantidade de posições vendidas na empresa. Difícil acreditar nessa ideia, principalmente quando olhamos que a empresa não consegue melhorar seus resultados.
A própria Squadra, que basicamente “iniciou” o processo de queda das ações da IRB, já afirmou que reduziu sua exposição vendida.
Também não dá para dizer que a aposta de Barsi na recuperação da companhia foi errada. Ele é um dos maiores investidores do país e possui um pensamento de longo prazo.
E a empresa ainda possui muitas possibilidades de reverter o atual quadro, além de ser de um segmento que pode ser extremamente lucrativo.
Mas fica claro que o timing inicial do Barsi não foi bom. E acredito que, a partir de agora, ao invés de culpar os vendidos pelo momento do papel, o ideal é cobrar a gestão da empresa para encontrar soluções para que ela volte a brilhar. Estes sim estão devendo um melhor desempenho.
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