Economia

O impacto do corte de 0,50 pp da Selic no Governo Lula e na economia

03 ago 2023, 14:58 - atualizado em 03 ago 2023, 14:58
Selic, Lula, Banco Central, Campos Neto
Início do ciclo de flexibilização da Selic ajuda pautas econômicas a avançarem no Congresso, diz analista (Montagem: Money Times)

O corte de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros brasileira, anunciado pelo Banco Central (BC) na noite de quarta-feira (3), deve melhorar os humores no governo Lula, afirma o analista da Ajax Capital, Rafael Passos.

Na análise de Passos, o início do ciclo de flexibilização da política monetária, com um corte mais robusto, deve estancar os ataques do presidente da República a Roberto Campos Neto, membro a frente do BC.

Desde que assumiu o poder, Lula vem criticando a atual política adotada pelo Banco. Para ele, a Selic alta atrapalha no crescimento econômico do Brasil. Em mais de um momento, ele chegou a questionar a autonomia da autarquia e a lealdade de Campos Neto.

Para o analista, além de ser um elemento de menor ruído, o resultado da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) pode contribuir para ambiente mais positivo. Com isso, as pautas econômicas devem avançar no Congresso, diz.

Quem também se fortalece com essa situação é o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Haddad consolida que “a narrativa de que as decisões de política econômica tomadas pela Fazenda possibilitaram uma redução de patamar mais elevado”, aponta Passos, da Ajax.

Depois de meses com a Selic na cabeça, o corte de 0,50 p.p. deve fazer com que a taxa de juros deixe de ser um assunto recorrente entre o Governo. Isso porque a sinalização na interpretação dos agentes políticos é de que a redução da taxa deva acontecer em ritmo mais acelerado.

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Elogios a Haddad

A The Economist publicou uma reportagem na quarta-feira (2) sobre o otimismo dos investidores com a economia brasileira. No texto, a revista britânica não economizou elogios a Fernando Haddad: “um ministro das finanças eficiente e o contexto internacional favorável ajudam”, pontuou.

“Muitos economistas creditam a Fernando Haddad, o ministro da Fazenda, grande parte do otimismo. Ele está por trás das duas grandes reformas que poderiam colocar o Brasil em uma base mais estável”, afirma a Economist.

A revista destaca que o governo Lula III superou as desconfianças de uma eventual recessão. “Quando Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito presidente do Brasil no ano passado, os investidores estremeceram […] No entanto, 6 meses depois de assumir o cargo, os mercados estão se aquecendo para o governo Lula”, diz.

O texto ainda ressalta a importância da reforma tributária e o arcabouço fiscal, que tem fortes chances de aprovação ainda em 2023.