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O grande RESET organizacional no mundo pós-pandemia

19 jul 2022, 15:42 - atualizado em 19 jul 2022, 15:42
Trabalho Covid-19
O colunista Antonio Salvador fala sobre a relação entre a pandemia da Covid-19 e o trabalho (Imagem: Maxime/Unsplash)

Mudanças, corporativas pelo menos, geralmente acontecem com grandes eventos. Um novo competidor, uma crise econômica, um novo investidor com ideias diferentes, ou uma crise sanitária sem precedentes como a da Covid-19, quando empresas de todos os portes precisaram se remodelar diante de um novo contexto.

Do dia para a noite, todos os processos, estruturas e sistemas organizacionais tiveram que ser revistos e pensados a partir de uma nova realidade: pessoas trabalhando de casa. O que antes era visto como algo fora da realidade para grande parte das empresas, pelo menos no Brasil, passou a ser indispensável para praticamente todos os setores.

A Covid-19 foi um ensaio geral para o futuro do trabalho, e toda essa mudança causou o grande RESET, termo cunhado durante o Fórum Econômico Mundial de 2020.

Reset, palavra que no inglês significa resetar, mudar completamente o conteúdo, ou seja, começar algo do zero. Foi isso que as empresas precisaram fazer, e não apenas elas, a sociedade como um todo mudou a sua forma de ver o mundo e o seu papel.

Durante mais de dois anos nesse “novo normal”, as organizações ganharam um papel ainda mais indispensável durante a crise, garantindo a entrega de serviços básicos e indispensáveis para a população.

Isso também fez com que as pessoas passassem a cobrar ainda mais um papel social e humano de toda e qualquer tipo de organização, como mostra o Estudo de Tendências Globais de Talentos 2022, da Mercer, na qual 8 em 10 trabalhadores querem estar em uma organização que faz o bem para todos os seus stakeholders, mas apenas 1 em 3 dessas empresas tem uma agenda ativa de ESG.

E essa cobrança por mudanças não é apenas da boca para fora.

Quando olhamos para os EUA, por exemplo, vimos nos últimos meses algumas quebras significativas de paradigmas, como é o caso da “grande resignação” (do inglês “The Great Resignation”).

No país, diversas pessoas estão cada vez mais se demitindo de empresas que não estão adotando processos e políticas que são cobradas pela sociedade, como trabalho remoto, uma agenda ESG, políticas de diversidade e inclusão, entre tantas outras.

Além disso, com o grande RESET os departamentos de recursos humanos se tornaram ainda mais essenciais no sentido de remodelar as estruturas organizacionais para se enquadrar e atender a essa nova realidade.

Todos esses processos não são nada fáceis, principalmente porque uma empresa é feita de pessoas completamente diferentes umas das outras, com princípios, histórias, experiências, culturas, entre outros aspectos que as diferenciam.

A questão cultural impacta diretamente a reestruturação das políticas organizacionais.

De acordo com o estudo de Tendências Globais de Talentos 2022, empresas brasileiras e latino-americanas ainda estão muito preocupadas com o trabalho flexível e remoto, por acreditarem e defenderem a necessidade do contato físico, o famoso “olho a olho”, para criar relações confiáveis e duradouras entre os colaboradores.

Por isso, as mudanças devem ser feitas de forma cautelosa para garantir o bem-estar de todas as partes envolvidas, assegurando um crescimento e desenvolvimento ético e transparente.

Quando me perguntam possíveis caminhos para estabelecer esses novos padrões, sempre destaco:

  1. Escute com atenção: muitas das soluções podem vir de uma escuta mais atenta, interna e do mercado;
  2. Seja autêntico: seus funcionários sabem quando você está mentindo, ou fazendo algo que não acredita. Reconheça suas limitações, mas esteja aberto para aprender;
  3. Tome decisões emblemáticas: como diz o velho ditado: palavras convencem, exemplos arrastam!

Antonio Salvador é diretor-executivo da Mercer Brasil

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