O foco da Suzano (SUZB3) em 2025, segundo CFO; ‘Esperamos um cenário positivo para celulose pelo menos até abril’
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A prioridade da Suzano (SUZB3) para 2025 ficará por conta da maximização da sua capacidade produtiva e redução de custos, especialmente com a operação de Ribas do Rio Pardo, localizada no estado do Mato Grosso do Sul (Projeto Cerrado).
Em entrevista ao Money Times, o CFO da companhia, Marcos Assumpção, reforçou que por ser “a empresa de menor custo” do mundo, a Suzano está sempre buscando projetos para adicionar eficiência.
Do lado de crescimento inorgânico, através de Fusões & Aquisições (M&A), Assumpção destaca que a companhia tem feito os primeiros passos, na linha de internacionalização, e que a empresa explora oportunidades.
Somos a maior empresa produtora e exportadora de celulose do mundo e temos buscado diversificar um pouco as nossas receitas através do investimento em alguns segmentos. No passado, investimos no segmento de bens de consumo no Brasil (papel higiênico, papel toalha, guardanapos e lenços), e nos tornamos líderes no setor nos últimos anos. E nos EUA, através do investimento na Pactiv, entramos no segmento de embalagem líquida”.
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O mercado de celulose em 2025
Neste começo de 2025, o cenário do mercado de celulose está mais favorável, com a Suzano tendo implementado um aumento de preços.
Em janeiro, os preços aumentaram US$ 20 por tonelada na China e US$ 100 na Europa e nos EUA. Para fevereiro, a Suzano anunciou um novo reajuste, de US$ 20 na China e US$ 50 nas demais regiões.
Segundo o CFO, esse ambiente favorável se dá por três fatores principais, entre eles: paradas programadas para manutenção, mudança na produção de um concorrente brasileiro (Bracell) e problemas financeiros da Chenming, importante produtor da China
“No 1T, muitas fábricas interrompem a produção temporariamente, reduzindo a oferta no mercado. A Suzano, por exemplo, terá cinco linhas de celulose paralisadas nesse período, algo normal. Fora isso, um importante produtor brasileiro optou por direcionar sua produção para celulose solúvel, reduzindo a oferta de celulose de mercado. E Chenming reduziu drasticamente sua capacidade produtiva, contribuindo para um mercado mais apertado”.
Para Assumpção, apesar de ser um cenário difícil de prever, a Suzano enxerga um ambiente favorável para os próximos três meses (fevereiro, março e abril de 2025).
“Apesar disso, diversos fatores podem impactar o mercado, incluindo eventos inesperados como paralisações de produção, greves, desastres climáticos e mudanças na oferta global. A demanda de celulose segue crescendo a um ritmo estável de 2% ao ano, adicionando cerca de 1 milhão de toneladas anuais ao mercado”.
Os destaques de 2024 para Suzano
O diretor financeiro destaca que o 4T24 foi bastante positivo, impulsionado por um volume recorde de vendas que ultrapassou 3 milhões de toneladas. Além disso, houve uma excelente performance em termos de custos (R$ 807/t), o menor entre todos os trimestres do ano.
“A geração de caixa operacional (Ebitda menos capex de manutenção) também atingiu um nível muito forte, acima de R$ 16 bilhões, subindo bastante com relação ao ano de 2023, e contribuindo para a redução da alavancagem da companhia. Batemos um pico de dívida líquida/Ebitda em 3,5x ao final do primeiro trimestre e fechamos o ano com uma dívida liquida/Ebitda em 2,9x, mostrando que o começo do Projeto Cerrado já vem dando bons resultados”.
Entre os destaques de 2024, o CFO aponta a conclusão do Projeto Cerrado, investimento de R$ 22 bilhões, e a internacionalização da marca a partir das aquisições das fábricas da Pactiv e de 15% da Lenzing, na Áustria.
Os números do 4T24 e os reflexos do dólar
Quanto ao prejuízo líquido de R$ 6,7 bilhões no 4T24, Assumpção disse que o resultado é puramente contábil, resultado da marcação da dívida em dólar devido à desvalorização do real.
“Como exportadora, a Suzano tem grande parte do seu fluxo de caixa em dólar, e por isso faz todo sentido a companhia ter sua dívida em dólar. Então, o real fechou o terceiro trimestre num câmbio de R$ 5,45 e fechou o ano num câmbio de R$ 6,19. Como a dívida da companhia é em dólares, essa dívida, quando medida em reais, cresce muito, e isso passa pelo resultado financeiro como um prejuízo”.
Por outro lado, o CFO explica que a companhia só realiza o pagamento dessa dívidas a um dólar mais alto no vencimento das operações, e o prazo médio é de 6 anos.
Ou seja, se o dólar continuar em um patamar mais alto, a Suzano acaba se beneficiando muito mais operacionalmente e gera muito mais caixa para poder pagar esse aumento na dívida quando medida em reais.
“É um prejuízo meramente contábil e, por isso, ele traz muita volatilidade à última linha do balanço. Por isso, a gente prefere e acredita que a melhor forma de olhar para a performance da companhia é olhando o resultado operacional, que é o Ebitda, que tivemos um resultado muito forte (R$ 6,481 bilhões, avanço de 44% ante 4T23)”.
Para 2025, a expectativa é de um crescimento de receita através do aumento do volume pelo Projeto de Ribas do Rio Pardo. “Com um real mais forte e um dólar mais fraco, com um mesmo volume de celulose, a gente tem uma receita um pouco menor”, enfatiza.
Alavancagem e perspectivas financeiras da Suzano
A Suzano mantém como política financeira uma relação de dívida líquida/Ebitda entre 2-3x, quando medida em dólares.
No final do 4T24, esse índice ficou no limite superior da faixa, em 2,9x. Para Assumpção, a expectativa é que, com a geração de caixa robusta e os investimentos planejados, a empresa continue reduzindo a alavancagem ao longo de 2025.
“A alavancagem depende muito dessa relação entre a dívida líquida/Ebitda. Então, depende muito do preço da celulose, por exemplo. Então, tem várias variáveis impactando isso, mas a tendência é que a alavancagem continue caindo”.
Sobre uma possível redução de custos na Suzano Packaging US, o CFO ressalta que a companhia iniciou suas operações apenas em 1º de outubro.
Antes disso, a fábrica operava sob a gestão de uma empresa que se concentrava na etapa final da cadeia de produção, comprando papel da Suzano para transformar em embalagens finais.
“Agora, sob controle da Suzano, vemos espaço para redução de custos, aumento da capacidade de utilização, e por consequência, o volume de produção da fábrica. Com essa mudança, há um potencial significativo de redução de custos, aumento da eficiência e melhoria da confiabilidade operacional, o que deve refletir em melhores resultados financeiros ao longo de 2025, mas não temos um guidance para isso”.
Entre os gatilhos de remuneração variável, o CFO destaca o Ebitda como o principal deles. À medida que a companhia tem uma geração de caixa operacional mais alta, a remuneração variável acaba tendo uma componente importante que se beneficia dessa geração de caixa.
“Isso então está muito alinhado com o resultado operacional que a companhia entrega. Ou seja, quanto menores forem os custos da empresa, melhor será a remuneração variável. Quanto maior a receita da companhia, mantido os custos, maior a remuneração variável da companhia”.