Economia

O fiscal brasileiro: ‘O quão ruim é muito ruim’, segundo o BTG Pactual

28 set 2024, 15:40 - atualizado em 28 set 2024, 15:44
fiscal
Apesar de avaliar que o risco fiscal segue elevado, BTG reconhece que a relação entre dívida bruta e PIB melhorou (Imagem: rodrigobellizzi/Getty Images Pro)

A preocupação crescente com a questão fiscal no Brasil tem elevando o prêmio das taxas reais de longo prazo entre o país e os Estados Unidos (EUA). O BTG Pactual classifica tal risco como “muito ruim” e, em relatório recente, diz “o quão ruim” é a situação.

Os analistas do banco lembram que, apesar da queda nas taxas de longo prazo nos EUA (para 1,6%), as taxas têm subido no Brasil. Com isso, o prêmio entre os países aumentou de 3,2% em outubro de 2023 para 4,8% em setembro deste ano.

Para Bruno Lima, Carlos Sequeira, Guilherme Guttilla e Osni Carfi, o movimento decorre do aumento das incertezas quanto ao cumprimento das regras fiscais para 2025.

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“O orçamento de 2025 enviado ao Congresso no final de agosto está excessivamente dependente de fontes de receitas incertas e não foram anunciadas alterações estruturais nas despesas”, dizem.

Além disso, o orçamento de 2026 também apresenta um “risco significativo”. Isso porque as exigências de despesas adicionais antes das eleições presidenciais podem entrar em conflito com as regras existentes.

Risco fiscal segue elevado, mas relação entre dívida e PIB melhorou

Apesar de avaliarem que o risco fiscal segue elevado, os analistas do BTG reconhecem que a relação entre dívida bruta e Produto Interno Bruto (PIB) melhorou frente a janeiro e agosto de 2023.

“Embora o mercado esteja cada vez mais preocupado com o futuro das contas fiscais do Brasil, as expectativas do mercado para a dívida do Brasil melhoraram em comparação com o que era estimado quando o atual governo tomou posse em 23 de janeiro ou em meados de 2023”, afirmam.

Hoje, o mercado prevê uma relação dívida bruta/PIB de 81,2% em 2025 — esse percentual era de 85,4% em janeiro do ano passado e de 81,9% em agosto. Para 2030, as expectativas também são melhores, de 88,9% frente a 91,8% e 89,3%, respectivamente.

Já quando a comparação é com o mês de maio, as estimativas para 2025 e 2030 deterioraram-se e podem explicar o aumento recente das taxas de longo prazo. Para o ano que vem, a aposta saiu de 79,9% para 81,2% e para 2030 foi de 86,5% para 88,9%.

Lima, Sequeira, Guttilla e Carfi também lembram que é interessante notar que as expectativas do mercado quanto ao índice dívida/PIB para 2024 melhoraram “muito” desde o início de 2022 — de cerca de 85% e 87% para 78%. Para 2025, as projeções também estão melhores.

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