O fim das tarifas do etanol para os EUA representa um risco para os produtores brasileiros?

O impacto do fim da tarifa de 18% sobre o etanol importado dos Estados Unidos vai variar conforme a região do Brasil, segundo o BTG Pactual. Em relatório, os analistas Thiago Duarte e Guilherme Guttilla destacam que os custos logísticos pesam sobre a importação de etanol anidro, limitando a competitividade do produto em parte do mercado brasileiro.
O debate sobre a taxação ganhou força desde o início do governo Donald Trump, quando a guerra tarifária entre Washington e seus parceiros comerciais colocou em evidência a cobrança brasileira sobre o etanol norte-americano. A discussão voltou à pauta com a possibilidade de revisão das regras de importação pelo Brasil.
“Primeiro, o etanol precisa ser transportado do Meio-Oeste americano até o porto. Depois, há o custo do envio ao Brasil e, por fim, a distribuição do porto até os consumidores. Além disso, há despesas adicionais, como perdas de produto, seguro e taxas portuárias. Por conta desses fatores, estimamos que o etanol anidro dos EUA não é competitivo nas regiões Nordeste nem Sudeste do Brasil com a tarifa atual de 18%”.
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Por outro lado, em um cenário sem tarifas, o etanol dos EUA se torna mais competitivo, especialmente no Nordeste, onde os custos logísticos são menores e os preços locais do etanol são mais altos.
“Neste cenário, estimamos que o etanol anidro dos EUA poderia chegar à região com margem positiva para os importadores. O mesmo, porém, não se aplica (ainda) ao Sudeste, onde as margens dos produtores dos EUA continuariam negativas mesmo sem impostos — embora com uma margem de erro pequena (cerca de R$ 90/m³, ou aproximadamente 3% do preço final)”.