O fim da novela Minerva/Marfrig, o calote da AgroGalaxy (AGXY3) e a preocupação da Raízen (RAIZ4); os destaques do Agro Times
A última semana cheia de setembro contou com temas relevantes dentro do agro. O principal destaque ficou para a aprovação do Cade para o negócio entre Minerva (BEEF3) e Marfrig (MRFG3), que rendeu visões atualizadas do Goldman Sachs e do Bank of America.
E ao passo que o mercado procura entender os reflexos da recuperação judicial da AgroGalaxy (AGXY3), o head de Fundos Imobiliários (FIIs) da Acqua Vero Investimentos, enxerga que o movimento causa temor, mas ressalta que há Fiagros saudáveis no mercado.
Fora isso, ouvimos uma especialista do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) sobre as emissões de metano da agropecuária brasileira, assim como as soluções para reduzir emissões de gases de efeito estufa.
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Os temas que mais se destacaram na última semana
5º lugar – Por que o Brasil quer adiar início da lei antidesmatamento da União Europeia?
O Brasil quer adiar a nova lei ambiental da União Europeia (UE), prevista para entrar em vigor em 1° de de janeiro de 2025. A nova legislação visa proibir a comercialização e importação de produtos do agro (gado, café, óleo de palma, madeira, borracha, soja e cacau) oriundos de desmatamento ocorridos após 2020.
Para os países produtores, incluindo o Brasil, a imposição desconsidera “legislações nacionais e mecanismos de certificação dos países produtores em desenvolvimento, assim como os esforços no combate ao desmatamento e os compromissos assumidos em foros multilaterais”.
Na última semana, o Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil, através do ministro Carlos Fávaro, enviou uma carta ao bloco pedindo o adiamento das novas regras, que classificam como “unilateral, punitiva e discriminatória”. De acordo com a pasta e o Itamaraty, a medida impacta mais de 30% das exportações do país.
O BTG Pactual reduziu seu preço-alvo para BrasilAgro (AGRO3) de R$ 43 para R$ 31 (potencial de alta de 19%), refletindo os menores preços das commodities.
Apesar disso, o banco que reforça compra, explica que AGRO3 apresenta um interessante dividend yield (DY) e amplas oportunidades de crescimento em um setor em expansão.
O banco, que participou do Investor Day da companhia, ressalta que as oportunidades em aquisições de terras, principalmente pela queda dos grãos, com a fortaleza do balanço da BrasilAgro posicionando bem a empresa para capitalizar. De acordo com a empresa, dos 851 milhões de hectares do Brasil, 19% são para gado e apenas 14% para agricultura.
Top 3 do agro
? 3º lugar – Cade aprova com restrições operação entre Minerva (BEEF3) e Marfrig (MRFG3)
Após uma novela que perdurou mais de um ano, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) o acordo de R$ 7,5 bilhões entre Minerva (BEEF3) e Marfrig (MRFG3) envolvendo a alienação de 16 plantas e um centro de distribuição, firmado em agosto de 2023.
São 11 plantas de bovinos no Brasil, uma unidade industrial na Argentina e outras três no Uruguai, além de uma planta de cordeiros no Chile e um Centro de Distribuição no Brasil.
No entanto, o Cade impôs restrições a alienação de uma planta em Goiás pela preocupação de que a operação geraria uma “concentração excessiva” no estado.
? 2º lugar – Raízen (RAIZ4): ‘Minha maior preocupação fica para continuidade da seca na safra do ano que vem’, diz CEO
A Raízen (RAIZ4), maior processadora de cana-de-açúcar do mundo, vê com maior preocupação para a safra do ano que vem (25/26) a manutenção da seca nos próximos meses, do que os eventuais impactos da estiagem e das queimadas para o ciclo atual.
“Minha maior preocupação está com a safra do ano que vem. Se a seca vai se prolongar muito. Estamos vendo como vai ser o clima em novembro, dezembro e janeiro”, declarou o CEO da Raízen, Ricardo Mussa, à Reuters, após participar de um seminário na feira de ROG.e, no Rio de Janeiro.
? 1º lugar – O calote das galáxias na AgroGalaxy (AGXY3): Os efeitos da RJ para fundos de investimentos e no campo
O mercado já acompanhava de perto, desde a última quarta-feira (18), os rumores sobre um eventual pedido de recuperação judicial (RJ) de uma das consolidadoras do mercado de distribuição de insumos agropecuários, a AgroGalaxy, controlada pelo fundo Aqua Capital e com ações listadas na B3.
Mais precisamente por volta das 17:30 da quinta-feira (19), levantou-se o “segredo de justiça” que pairava sobre a petição que requeria o favor da recuperação judicial das empresas que formam o chamado: “Grupo AgroGalaxy” – conforme denominação na própria petição protocolada em juízo pelos advogados do grupo para obtenção do favor legal – com o temor do mercado se materializando.
Em sua coluna quinzenal, o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), André Passos, destrinchou os reflexos da recuperação judicial da AgroGalaxy para o agro.