AgroTimes

O fator de risco no mercado da carne; ‘É a China mais uma vez querendo renegociar’

21 mar 2025, 12:56 - atualizado em 21 mar 2025, 15:19
Carne china
(iStock.com/tirc83)

A decisão da China de suspender as importações de 3 plantas frigoríficas do Brasil, sendo uma delas da JBS (JBSS3), é mais uma tentativa do país asiático em renegociar seus preços, para o analista de proteína animal do Rabobank, Wagner Yanaguizawa.

O embargo acontece em meio a importações recordes no ano passado que levaram a um excesso de oferta e a grandes perdas nas fazendas.

Segundo ele, quando são analisados os históricos de bloqueios anteriores, eles tendem a acontecer quando o mercado doméstico da China está mais fragilizado e os preços estão em tendência de alta. Um desafio para o Brasil como exportador, já que o nível de previsibilidade do bloqueio é baixo.

“Esse é um movimento que já aconteceu no ano passado. Eles alegaram, em uma fiscalização de rotina, que alguns itens não estão em conforme com o acordo. É uma medida para renegociar preços. Apesar disso, não vemos essa expansão ocorrendo por muito tempo, já que estamos projetando uma queda na oferta global e não teria onde buscar essa carne se o Brasil saísse do mercado por muito tempo, pensando que os EUA estão com uma menor oferta e voltados para o mercado interno”, explica.

Yanaguizawa avalia que dado o momento de escassez de oferta global, vindo dos principais exportadores de carne no mundo como EUA e Austrália, não faria muito sentido prolongar essa suspensão, já que ela resultaria, em termos de fundamentos, custos maiores de importação, sendo um desafio a mais para liquidez no mercado interno chinês.

Em janeiro, o país asiático pagou algo em torno de US$ 4.923 pela tonelada da carne exportada pelo Brasil, enquanto em fevereiro esse valor ficou em US$ 4.827.

“Eles querem baixar esse preço ainda mais. Teve alguns players que falaram que conseguiram chegar no patamar de US$ 5.000, um pouco mais que isso, mas na média está caindo. Eu entendo que é por conta dos frigoríficos menores principalmente, que querem acessar esse mercado e acabam pressionando mais os o preços. Esse cenário de suspensão e essa expectativa de mercado futuro faz com que os importadores chineses se aproveitem disso para pressionar preços”. 

Fora isso, a China ainda mantém um embargo para carne de frango do Rio Grande do Sul após o caso de Newcastle que surgiu no estado no ano passado, com 9 plantas suspensas.

A habilitação de frigoríficos para China

Yanaguizawa comenta que a última suspensão, que ocorreu no ano passado, durou cerca de 2 meses, sendo esse um bom indicativo de duração para o embargo atual

“Recentemente, a China ampliou sua habilitação de frigoríficos do Brasil que poderiam exportar para o país, com a maior parte de frigoríficos de pequeno e médio porte. Esses players querem acessar o mercado chinês e eles não vão pensar duas vezes antes de reduzir um pouco sua margem para ter mais preço mais atrativo e se inserir nesse mercado. Esse é um ponto de atenção”.

Apesar disso, o analista do Rabobank aponta que o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) já sinalizou que pelo menos 44 plantas já aguardam aprovação dos chineses.

“Estamos com uma expectativa de aumento de habilitações em vez de queda. E quando a gente compara Brasil e EUA, é impressionante a diferença, eles tem 654 plantas de carne bovina habilitadas, enquanto temos 64”.

Em 2024, a China importou um recorde de 2,87 milhões de toneladas métricas de carne bovina, segundo dados da alfândega. No fim do ano passado, o Ministério do Comércio da China lançou uma investigação sobre o aumento das importações de carne bovina após enfrentar um mercado com excesso de oferta, que levou os preços domésticos da carne bovina aos menores patamares em vários anos.

Compartilhar

WhatsAppTwitterLinkedinFacebookTelegram
Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo. Em 2024, ficou entre os 80 jornalistas + Admirados da Imprensa do Agronegócio.
pasquale.salvo@moneytimes.com.br
Linkedin
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo. Em 2024, ficou entre os 80 jornalistas + Admirados da Imprensa do Agronegócio.
Linkedin
Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar