Market Makers

O erro de MGLU3, VIIA3, LREN3, HAPV3 e NTCO3 ajudou a derrubar a bolsa, mas o jogo está prestes a virar, diz gestora

03 jul 2023, 18:00 - atualizado em 10 jul 2023, 2:42

Não foi somente a disparada dos juros e a alta da inflação que empurrou a bolsa para um ciclo de queda desde a pandemia, sustenta a gestora Beatriz Fortunato, CIO da Studio, em episódio do podcast Market Makers. De acordo com a convidada, outros fatores, como as decisões erradas tomadas por empresários durante a pandemia, também ajudaram a derrubar os papéis.

“Vimos ao longo de 2022 grandes empresas consolidadas, com negócios que são reconhecidos como vencedores e de qualidade, tendo uma quebra de expectativas e resultados muito piores do que o esperado que eu não me lembro de ter visto na minha carreira”, discorre.

Ela recorda que uma parte relevante desse processo foi provocada pela pandemia da Covid, que jogou, de forma meteórica, a Selic a 2% ao ano, menor patamar da história. “A ordem era crescer e “disruptar” com um novo normal. Mas o cenário de 2022 foi de que é um novo normal não muito diferente do velho normal, com a Selic mais alta”, argumenta.

De acordo com Fortunato, as mudanças de padrão de consumo que a Covid fizeram com que várias empresas tomassem decisões empresariais erradas. “Foi um mau ciclo empresarial no Brasil, não só um ciclo monetário ruim”, completa.

Maus exemplos

Dentre as empresas que foram pelo caminho errado, Fortunato cita o e-commerce como exemplo maior. O setor bombou na pandemia, com o valor dos papéis das empresas mais que dobrando em meses.

Veja a relação do preço de Magalu com a Selic:

“Há dois anos elas (empresas de e-commerce) eram vistos como os maiores vencedores do processo de Covid e, agora, todas quebraram, só sobrou o Mercado Livre (MELI34). A Americanas (AMER3) está oficialmente em RJ e o Magazine Luiza (MGLU3) e a Via (VIIA3) não estão oficialmente quebrados, mas têm resultados operacionais que não pagam juros, o que faz com que elas estejam tecnicamente quebradas”, argumenta.

Outra varejista citada pela gestora é a Renner (LREN3), cujo o papel a Studio chegou a vender mas voltou a comprar.

“A empresa decidiu ao longo da pandemia acelerar muito a emissão de cartão de crédito para pessoa física. O resultado foi o pior número financeiro da história. Depois que veio a ômicron, o consumo teve um efeito champanhe, ou seja, deu uma efervescência rápida e depois murchou.”, discorre.

O resultado, segundo Fortunato, é que a Renner tem 15 anos de companhia aberta e nunca havia perdido participação de mercado antes. “Pela minha visão, muito pelas decisões equivocadas”, completa.

Veja o episódio completo:

Além do consumo, a gestora também cita Hapvida (HAPV3), “que teve um diagnostico de que a frequência tinha aumentado de forma temporária e não foi temporária, fazendo em 2022 a pior margem da história da companhia”, e a Natura (NTCO3), com “erro de gestão”.

“Grandes ícones do mercado brasileiro tiveram ciclo de decisões corporativas ruins”, assinala.

Hora da mudança?

A CIO da Studio sustenta que em 2022, as empresas voltaram com um discurso de “vamos olhar para dentro e se recuperar”.

“O ciclo da Covid foi destruidor de ROIC, as empresas tiveram retorno abaixo do capital, abaixo do que elas faziam historicamente. As empresas voltaram a fazer o que se fazia lá em 2019 que dava razoavelmente certo. Já começamos ver resultados no 1º primeiro trimestre de 2023”, completa.

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